Título: Collor desiste de disputa com tucano e concorre a cargo destinado ao PT
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Fonte: Valor Econômico, 18/02/2009, Política, p. A10
Um racha na base governista impediu ontem a definição sobre as presidências das comissões temáticas do Senado. Por não ter chance de ganhar, o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) desistiu de disputar no voto, com o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), a presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e decidiu concorrer com Ideli Salvatti (SC), ex-líder do PT, pela presidência da Comissão de Infraestrutura (CI).
Na disputa com Ideli, Collor terá os votos do DEM na CI. "O confronto é na base governista. Se eles não se entendem, não cabe a mim apoiar o PT", disse o líder do DEM, José Agripino (RN). Collor, pessoalmente, pediu apoio a Agripino. Disse que iria disputar com Ideli, já que não teria apoio do PT na CRE.
A reviravolta na posição do ex-presidente foi atribuída pelos demais partidos a uma articulação do PMDB. O PTB apoiou a eleição de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado com a promessa de que Collor assumiria a CRE - considerada a terceira mais importante comissão da Casa, atrás das comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e Assuntos Econômicos (CAE).
Em um eventual confronto de Collor com Azeredo na CRE, o DEM tinha compromisso de apoiar o tucano. O PT também havia declarado votar em Azeredo, já que o PSDB apoiou o petista Tião Viana (AC) na disputa com Sarney pela presidência do Senado. Além disso, o líder petista, Aloizio Mercadante (SP), defende a distribuição das comissões com base no critério da proporcionalidade das bancadas partidárias. E, por essa regra, o PTB de Collor não tem direito às primeiras escolhas.
Ao PMDB, que tem a maior bancada (20 senadores), cabe a primeira opção. O partido decidiu escolher a CAE, cuja presidência seria ocupada por Garibaldi Alves (PMDB-RN). A segunda opção cabe ao DEM (14), que já optou pela CCJ. Demóstenes Torres (GO) é o indicado para presidente. Com 13 senadores, o PSDB tem direito à terceira escolha, que recaiu sobre a Comissão de Relações Exteriores, para ser presidida pelo ex-governador e ex-presidente do partido Eduardo Azeredo (MG).
Ao PT, com 12 senadores, caberia a quarta opção. Desde o início, o partido declarou preferência pela Infraestrutura e indicou Ideli Salvatti para a Presidência. Ao todo, são 11 comissões. Depois da quarta, o PMDB tem o direito de uma nova escolha, seguido pelo PTB. Sempre pelo critério do tamanho das bancadas, DEM e PSDB têm direito à sétima e à oitava escolhas, respectivamente, seguidos do PMDB (novamente), PDT e PT.
O PT não abre mão da CI, considerada uma comissão estratégica, principalmente por causa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os líderes da base aliada tentarão chegar a um acordo hoje. Se não conseguirem, a decisão ficará para depois do Carnaval. Enquanto isso, a atividade legislativa do Senado está paralisada.