Título: Captação líquida da Brasilprev cresce 52,3% em 2008
Autor: Bellotto , Alessandra
Fonte: Valor Econômico, 18/02/2009, EU & Investimentos, p. D3

Na contramão do mercado de previdência aberta, a Brasilprev Seguros e Previdência fechou o ano de 2008 com crescimento de 52,3% na captação líquida (contribuições menos resgates), para R$ 3,6 bilhões. Já o setor, segundo dados reunidos pelo site Fortuna dos fundos que recebem recursos dos planos PGBL e VGBL, registrou queda de 15,2% no saldo líquido das aplicações no ano passado, que somou R$ 11,1 bilhões positivos. Marisa Cauduro / Valor

Tarcísio Godoy, presidente da Brasilprev: expansão deve-se a um dos menores índices de resgate do mercado

O resultado, afirma o o presidente da Brasilprev, Tarcísio Godoy, deu à empresa a posição de liderança no mercado em captação líquida, com uma participação de 28,4% no total, que foi de R$ 12,6 bilhões se somados os planos tradicionais. Com esse crescimento na captação, o patrimônio líquido dos fundos teve aumento real de 45,5% em relação a 2007, ano em que a fatia de mercado da Brasilprev era de 16,8% em captação líquida.

A conquista da liderança no ano em que a Brasilprev completou 15 anos de sua fundação, destaca Godoy, deve-se ao forte crescimento das contribuições aos planos de previdência da companhia aliado a um dos menores índices de resgate do mercado, de 8,5% das reservas. "O bom desempenho é resultado do reposicionamento estratégico do Banco do Brasil (canal de distribuição dos planos da Brasilprev) para focar a venda de produtos de seguridade e da qualidade de sua força de vendas", afirma.

Todo o esforço na rede, conta o presidente, é para que o cliente tenha uma informação de qualidade. No ano passado, por exemplo, mais de 7 mil gerentes do BB passaram por treinamento específico, segundo a Brasilprev. A estratégia vem se mostrando bem-sucedida, na visão do executivo, dado o baixo índice de resgate dos fundos. "O investidor está mais consciente de que a aplicação em previdência é para o longo prazo", diz. Para se ter ideia, dos clientes conquistados em 2008, 46% optaram pela tributação regressiva (em que a alíquota diminui com o passar dos anos), o que atesta a visão de longo prazo do investidor.

Já os saques no mercado aumentaram, compara Godoy. "Os últimos meses de 2008 foram bastante complicados por conta da crise, o que provocou uma deterioração no índice de resgate médio do mercado, que subiu de 13% para mais de 15%", diz.

No ano passado, a arrecadação total da Brasilprev atingiu R$ 4 bilhões, valor 24,4% superior ao do ano anterior. Os planos do tipo VGBL receberam R$ 2,3 bilhões, o equivalente a um aumento de 39,2% na mesma comparação, e os do tipo PGBL, R$ 1,2 bilhão (alta de 20,6%). A Brasilprev superou ainda a marca de R$ 20 bilhões em ativos administrados, o que representou crescimento superior a 26% no ano passado em relação a 2007. A expansão média dos ativos no mercado, ressalta o executivo, foi de 16%. Já o lucro líquido da Brasilprev cresceu 6,2%, para R$ 195,5 milhões.

Para 2009, a expectativa de Godoy é de continuar crescendo acima da média de mercado. "Trabalhamos com uma estimativa de crescimento para o mercado de 12% a 15% em arrecadação", afirma. A Brasilprev, segundo o executivo, tem toda condição de atingir a meta uma vez que conta com a força de vendas do Banco do Brasil. Em entrevista recente, Godoy disse que esperava atrair novos participantes para o segmento, explorando o próprio universo do BB. O banco conta com 33 milhões de clientes, mas o número total de planos da Brasilprev não passava de 2 milhões. "Esse é um trabalho de pelo menos cinco anos", argumenta Godoy. "A indústria da previdência no Brasil ainda é muito jovem."

Estudos da Brasilprev apontam que, até 2017, os ativos da previdência privada aberta chegarão a mais de R$ 621 bilhões, o equivalente a 16,6% do mercado de fundos de investimentos e Certificados de Depósito Bancário (CDBs) do Brasil. Em termos de arrecadação, a expectativa é de que o mercado continue crescendo a taxas expressivas, na casa dos dois dígitos. No país, a previdência privada aberta representa cerca de 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto em economias maduras esse índice pode superar os 100%. Nos Estados Unidos, por exemplo, a relação é de 70%.