Título: Aécio diz que quer percorrer o país em campanha às prévias ao lado de Serra
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 19/02/2009, Política, p. A9

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), afirmou ontem que irá procurar depois do Carnaval o governador paulista, José Serra (PSDB), para convidá-lo a percorrer o país em encontros políticos a partir de março. Com o gesto, Aécio retribui a decisão de Serra de não se opor mais à realização de prévias partidárias para a escolha da candidatura presidencial de 2010, disputada por ambos.

A proposta de prévias passou a ser defendida no início do ano por Aécio para contrabalançar o avanço de Serra na conquista de apoios na cúpula do partido e entre siglas aliadas. Aécio também já havia anunciado que iria fazer viagens políticas a partir de março, começando por Recife, domicílio eleitoral do presidente nacional do PSDB, o senador Sergio Guerra (PE).

"Vamos viajar no mesmo avião", sugeriu o mineiro, afirmando que as viagens seriam coordenadas pela direção nacional da sigla. Segundo Aécio, é possível pactuar com Serra uma modalidade de prévias que não provoque desagregação. "Existe a visão de que a prévia é desagregadora, um ponto de vista que eu respeito. Mas a minha visão, que acredito ser a do próprio governador José Serra, é de que as prévias são uma extraordinária possibilidade de mobilizar as bases do partido para mostrar ao eleitorado que o PSDB tem um projeto" disse.

Ao convidar Serra para participar de suas viagens, Aécio dilui o impacto que os encontros políticos teriam sobre sua ainda pequena visibilidade nacional. A contrapartida oferecida por Aécio ao fato do governador paulista aceitar que haverá disputa pela candidatura presidencial do PSDB é desacelerar o ritmo de sua pré-campanha. "Há uma antecipação exagerada do processo eleitoral e nós devemos trabalhar para inibir esta antecipação", afirmou ontem o governador.

O governador mineiro também descartou qualquer possibilidade de trocar de partido em 2010 para poder concorrer. "Aqueles que apostam nas prévias como um instrumento de divisão do partido e de acirramento de ânimos - alguns, talvez, até torçam por isso - se decepcionarão, porque, talvez, essas prévias possam cimentar, amalgamar de forma definitiva o PSDB que, unido, certamente, é um fortíssimo candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva", disse.

O apaziguamento entre Serra e Aécio ocorre em um momento de crise para um dos maiores aliados do governador mineiro no partido. Cassado pela Justiça Eleitoral, o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima teve que deixar o cargo ontem. Aécio procurou ser solidário publicamente ao aliado sem criticar a decisão que o afastou.

"Ele continua vivo e vigoroso como liderança política. A decisão judicial nós temos que respeitar. Expresso minha solidariedade pessoal a ele, que vive um drama", disse.