Título: Redução de IPI ajuda indústria automobilística
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 25/02/2009, Brasil, p. A3

Praticamente sozinho no time dos otimistas, o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, acredita que a atividade econômica já mostra uma recuperação mais consistente no começo do ano. Para ele, um ponto importante é que o setor automobilístico parece de fato ter normalizado os estoques acumulados em 2008, ajudado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis. Em janeiro, os inventários eram de 193,4 mil carros, o equivalente a 31 dias de vendas do mês passado, número mais próximo do patamar considerado normal, de 27 dias, segundo Fernando Montero, economista-chefe da corretora Convenção.

As vendas na primeira quinzena de fevereiro também foram boas, na opinião de Borges. Pelos números da LCA, a média diária ficou em 11,1 mil no período, em termos dessazonalizados, mais que os 10,3 mil de fevereiro do ano passado. Em 2008, porém, o Carnaval foi na primeira quinzena de fevereiro.

Para Borges, não se deve subestimar a importância da indústria automobilística para a economia. "Ela responde diretamente por 9% da produção fabril nacional, proporção que salta para quase 25% quando se considera a cadeia completa de fornecedores, como os segmentos de aços, plásticos, borracha", afirma ele.

Borges considera relevante a recuperação das vendas de automóveis por indicar também que há uma melhora da confiança do consumidor e uma retomada do crédito. Segundo ele, de nada adiantaria a redução do IPI se o consumidor não estivesse disposto a comprar. A sondagem da FGV captou uma melhora da confiança em janeiro, diz Borges, assim como a pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio) mostrou o mesmo em fevereiro. "Como cerca de 70% das vendas de carros novos são feitas a prazo, isso mostra que o crédito dá sinais de recuperação", afirma ele.

Com esse otimismo, Borges acredita que o PIB pode registrar crescimento positivo já no primeiro trimestre deste ano. Ele estima uma alta na casa de 0,5% em relação ao quarto trimestre de 2008, na série livre de influências sazonais. A maior parte dos analistas aposta em retração. O economista-chefe do Morgan Stanley, Marcelo Carvalho, por exemplo, prevê queda de 0,6%, que se seguiria ao tombo estimado de 2,5% no quarto trimestre, na comparação com o anterior. Não por acaso, Borges aposta em PIB de 2,6% em 2009, um número bem mais alto que o crescimento zero projetado por Carvalho. (SL)