Título: Possível indicação de Wolfowitz ao Bird já é criticada
Autor: Tatiana Bautzer De Washington
Fonte: Valor Econômico, 02/03/2005, Internacional, p. A15
Executivos das principais organizações multilaterais reagiram com surpresa à notícia de que o subsecretário de Defesa dos EUA, Paul Wolfowitz, estaria sendo considerado para presidir o Banco Mundial. O jornal "Financial Times" disse que Wolfowitz, um dos "falcões" do governo que arquitetaram a invasão do Iraque, é um dos candidatos preferidos de Bush para substituir James Wolfehnson, que deixa o cargo em junho. Outros possíveis nomes, segundo o jornal britânico, seriam Randall Tobias, ex-presidente da farmacêutica Eli Lilly e coordenador do programa contra a Aids dos EUA. Há ainda a hipótese de nomear a ex-CEO da Hewlett Packard, Carly Fiorina, que deixou o cargo sob críticas da diretoria da empresa e do mercado financeiro. À exceção de Fiorina, os dois outros nomes surpreenderam o staff das organizações pela falta de experiência econômica. O subsecretário de Defesa já foi embaixador dos EUA na Indonésia e ocupou diversos cargos no Pentágono. Durante as administrações democratas foi pesquisador de relações internacionais. Mas nenhum dos três mencionados tem alguma experiência em desenvolvimento. Um executivo do FMI classificou a escolha de Wolfowitz como "péssima". "O Financial Times" citou a possibilidade de veto do nome por diretores europeus, de maneira semelhante ao veto dos EUA à candidatura do alemão Caio Koch-Weser para diretor-gerente do Fundo em 2000. Alguns membros do staff acreditam que o anúncio do nome de Wolfowitz seria um "balão de ensaio" para testar a reação européia. O diretor de uma empresa de lobby acredita que o anúncio do nome de Wolfowitz é a demonstração de que os EUA querem uma pessoa "de estrita confiança" para dirigir o Banco Mundial. Até agora, o nome mais citado como possível indicado pelos EUA para o cargo era o do subsecretário do Tesouro para Assuntos Internacionais, John Taylor, mas aparentemente sua nomeação está perdendo força. No FMI, os países em desenvolvimento forçaram uma discussão mais aberta da nomeação do diretor-gerente no ano passado, indicando candidatos alternativos ao espanhol Rodrigo Rato. Dos três então indicados, o executivo do mercado financeiro Mohamed el-Erian permaneceu até o final da disputa como o candidato representando o Egito. É possível que haja uma nova tentativa de indicação de candidatos representando países em desenvolvimento, mas há pouca chance de sucesso com a atual distribuição dos direitos de voto. Qualquer que seja o escolhido, o novo presidente do Banco Mundial deve acelerar a adoção de estratégias defendidas pelos Estados Unidos em relação aos programas de ajuda ao desenvolvimento, como medição dos resultados efetivos dos programas e investimentos sociais com objetivos específicos.