Título: Venda de ações renderá quase R$ 100 mi aos Igel
Autor: André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 02/03/2005, Empresas &, p. B3

A venda de ações preferenciais da Ultrapar deve garantir quase R$ 100 milhões aos herdeiros de Pery Igel, morto em 1998. A família Igel está disposta a vender 2,1 bilhões de papéis sem direito a voto. A fatia dos Igel é a maior entre todos os grupos de acionistas que decidiram vender um grande lote de papéis preferenciais no mercado secundário, segundo informações fornecidas pela empresa à Securirities and Exchange Commission (SEC), o órgão de valores mobiliários dos EUA. Pela cotação de ontem, que fechou com alta de 1,62%, a R$ 43,80, as ações a serem vendidas da família Igel - que fundou a companhia no fim dos anos 30 - são avaliadas em R$ 95,2 milhões. Depois dos Igel, os executivos detentores de 1,8 bilhão de ações preferenciais devem embolsar R$ 81,1 milhões com a operação. Os herdeiros do ex-presidente do grupo Ultra Hélio Beltrão, que possuem 1,6 bilhão de ações, devem ficar com R$ 73,9 milhões. O grupo Monteiro Aranha venderá 1,5 bilhão de ações, avaliadas em R$ 66,3 milhões, mas ainda assim vai manter uma participação de 3,3% das preferenciais. Os demais acionistas controladores vão zerar sua posição em papéis sem direito a voto, ficando apenas com as ações ordinárias que lhes garantem o controle da Ultrapar. A receita do grupo, que atua na área química, de distribuição de gás de cozinha e transportes, somou R$ 4,7 bilhões no ano passado. A venda global de 7,2 bilhões de ações preferenciais detidas pelos atuais acionistas controladores deve adicionar cerca de R$ 315 milhões ao caixa da Ultrapar. A oferta está sendo coordenada pelos bancos UBS e Pactual. A expectativa é de que ela ocorra ainda neste semestre. A empresa informou apenas que a operação tem o objetivo de aumentar a liquidez dos papéis. Mas os recursos podem fazer frente à intenção de investimento futuro da companhia. Desde o ano passado, as famílias controladoras estavam sendo convencidas a se desfazer de parte das ações com o propósito de buscar liquidez. A quantidade de ações preferenciais em circulação no mercado deve aumentar de 26% para 35%. A negociação das ações da Ultrapar na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ficam abaixo de rivais como a Braskem. Nos últimos 12 meses, os papéis da Ultrapar tiveram um giro médio de R$ 3,2 milhões com 47 negócios por dia. A Braskem, por sua vez, movimentou R$ 16,9 milhões em 431 negócios fechados por dia no mesmo período. A participação da acionista Daisy Igel, outra herdeira, mas que não faz parte do bloco de controle da Ultrapar, não está incluída na emissão.