Título: Padinha alerta para 'zona cinzenta'
Autor: Taís Fuoco
Fonte: Valor Econômico, 02/03/2005, Empresas &, p. B5

A penetração média da telefonia celular entre a população brasileira, de cerca de 37 em cada 100 habitantes, ainda tem espaço para crescimento, mas entrou na "zona cinzenta em que cada salto tem de ser questionado ponto a ponto para saber se é rentável". A avaliação é de Francisco Padinha, presidente da Vivo, maior operadora de celular do país, em palestra ontem na Telexpo 2005. O executivo lembra que as classes A e B já estão cobertas e vivem hoje uma competição bastante acirrada. Na classe A, por exemplo, 83% das pessoas já possuem celular, índice que é de 54% na classe B. Na C, no entanto, o número é de 25 em cada 100 habitantes, enquanto nas classes D e E acredita-se que seja de 4%. Segundo Padinha, as classes de menor poder aquisitivo deixam a operadora "altamente dependente" do tráfego fixo-móvel, ou da tarifa de interconexão recebida das fixas para a finalização dessas chamadas. De acordo com ele, o gasto médio real dos pré-pagos da população de menor poder aquisitivo é de R$ 7 a R$ 8 por mês, enquanto a operadora acaba obtendo o restante da receita que sustenta esse usuário com a interconexão. Padinha informou que a Vivo planeja lançar um produto de mais fácil acesso às classes mais pobres neste ano, mas reiterou o desafio que é atender essa faixa do mercado com rentabilidade. Na sua avaliação, nos próximos três a quatro anos, um índice de penetração de celular que poderia ser considerado ainda rentável seria de 60% - frente aos atuais 37%. Ele diz que, para as operadoras de telefonia móvel do Brasil, além da missão de obter retorno dos investimentos já feitos, resta ainda o desafio de melhorar "a mais baixa margem" lajida do mundo, com exceção da Argentina. Segundo Padinha, com base nos balanços do terceiro trimestre de 2004, a margem lajida média das operadoras do Brasil foi de 18%, enquanto em mercados comparáveis ao brasileiro é de 46% e, em mercados mais maduros, 40%. "Na Rússia, por exemplo, que vem crescendo a taxas de 100% ao ano, as margens são superiores a 50%", disse ele.