Título: Orçamento expande intervenção do governo
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Fonte: Valor Econômico, 27/02/2009, Internacional, p. A14
Barack Obama apresentou o modelo mais expansionista de envolvimento governamental na economia americana praticado em mais de uma geração, expresso em um Orçamento para um horizonte de dez anos onde o déficit neste ano aparece quadruplicado, para US$ 1,75 trilhão.
O documento, que define os ambiciosos planos do presidente americano, de criar um seguro-saúde universal e de, até 2012, adotar um sistema de comércio de créditos de carbono para toda a economia, foi fortemente criticado pelos republicanos.
Com o novo Orçamento, o corte de impostos sobre os mais ricos criado por George W. Bush caducarão em 2011 e serão adotados novos aumentos de impostos sobre famílias que ganham US$ 250 mil ou mais, para cobrir a expansão do sistema de saúde pública.
Num sinal antecipado de batalhas partidárias, Mitch McConnell, líder republicano no Senado - onde Obama necessita de 60 de 100 votos para obter a aprovação da legislação proposta - disse: "Infelizmente, neste momento crucial, enquanto os americanos estão apertando seus cintos, Washington parece estar tirando o seu".
O Orçamento também inclui US$ 250 bilhões para possíveis socorros futuros a empresas no setor financeiro - pressupondo que a Casa Branca poderá solicitar pelo menos outros US$ 750 bilhões do Congresso para manter o setor bancário vivo. Peter Orszag, o diretor de orçamento da Casa Branca, disse "não haver planos" para solicitar mais recursos financeiros. Mas o Orçamento prepara o terreno para que Obama o faça.
O documento de 134 páginas descreve um legado herdado de Bush que qualifica de "má administração e oportunidades perdidas e de profundos problemas estruturais ignorados por demasiado tempo". Ao incluir prováveis custos futuros, o Orçamento assume um novo sistema de contabilidade transparente, distanciando-se dos alegados "truques e malabarismos contábeis" dos anos Bush. Orszag disse que o governo Obama "não brincará em serviço", como fez Bush, omitindo do orçamento bilhões de dólares de gastos nas guerras no Iraque e Afeganistão e em outros eventos.
"O primeiro passo para eliminar esses déficits é honestidade", disse Orszag. Tony Fratto, um ex-porta-voz de Bush, disse: "tentar mascarar enormes aumentos de gastos sob o manto de responsabilidade fiscal é o cúmulo da audácia".
O Orçamento projeta US$ 141 bilhões de gastos nas guerras no Iraque e Afeganistão neste ano, caindo para US$ 130 bilhões em 2010. Para os anos posteriores, há uma estimativa anual de US$ 50 bilhões para possíveis custos com guerras, embora Orszag tenha dito que o governo espera menos seja necessário.