Título: Taxas do crédito caem em janeiro, mas não voltam ao nível pré-crise
Autor: Ribeiro , Alex
Fonte: Valor Econômico, 27/02/2009, Finanças, p. C1

Os juros e os spreads nos empréstimos bancários a pessoas físicas caíram entre dezembro e janeiro, embora ainda estejam em patamar mais alto do que o vigente até setembro, quando o país foi atingido pela crise financeira mundial. No crédito as empresas, os juros e os spreads voltaram a aumentar.

Segundo dados divulgados pelo Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos nos empréstimos a pessoas físicas e empresas recuou de 43,3% para 42,4% ao ano entre dezembro e janeiro. Em setembro de 2008, o custo médio estava em 40,4% ao ano. Parte da queda se deve à redução nos custos de captação dos bancos, que passou de 12,6% para 12% entre dezembro e janeiro. Outra parte deve-se à redução do spread bancário, que caiu de 30,7 para 30,4 pontos percentuais (pp.) no período.

O spread bancário é a diferença entre os custos de captação dos bancos (ou seja, o que pagam para tomar recursos dos clientes) e os juros cobrados nos empréstimos. É uma medida da margem bruta, que cobre custos do crédito como despesas administrativas, inadimplência e impostos, e também inclui a margem de lucro das instituições financeiras.

A queda dos juros, porém, ficou restrita aos empréstimos a pessoas físicas, cujos custos médios caíram de 58,1% para 55,1% ao ano entre dezembro e janeiro. Em setembro, a taxa média foi de 53,1% ao ano. Parte dessa queda de janeiro se deve à redução nos custos de captação dos bancos, que passaram de 12,9% para 11,5% ao ano. O spread recuou de 45,2 pp. para 43,6 pp.

No caso dos financiamentos a pessoas físicas, houve queda nos juros do cheque especial (174,9% para 172%), crédito pessoal (60,4% para 56,5%), veículos (36,5% para 34,7%) e aquisição de outros bens (73,8% para 66,1%).

Nas operações com recursos livres com empresas, houve aumento nos custos. A taxa média das operações subiu de 30,7% para 31% ao ano entre dezembro e janeiro. Em setembro, o juro médio foi de 28,3%. O custo médio de captação dos bancos caiu levemente, de 12,3% para 12,2% ao ano entre dezembro e janeiro. A queda do custo de captação foi apropriada no spread, que subiu de 18,4 pp. para 18,8 pp.

A alta dos juros nos empréstimos às empresas foi mais forte nas linhas de conta garantida (76,4% para 80,5%) e aquisição de bens (19,5% para 19,9%) com juros prefixados. Houve queda nas taxas cobradas no desconto de duplicatas (44,7% para 43,3%), desconto de promissórias (69% para 64,1%) e capital de giro (38,1% para 36,8%). Nas operações de Adiantamento sobre Contratos de Câmbio (ACC), com juros pós-fixados, a taxa média subiu de 18,2% para 19,6% ao ano entre dezembro e janeiro.