Título: Presidente da Câmara pode nomear empresário e sindicalista para comissão
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Fonte: Valor Econômico, 03/03/2005, Política, p. A12

O presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), prometeu apoio à reforma sindical, depois de ter atrasado em duas horas o evento que formalizaria a entrega do projeto à Casa - deixando o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, e o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, aguardando por ele. "Vocês têm um representante dos trabalhadores na presidência da Câmara e não medirei esforços para aprovar a reforma sindical no menor prazo possível", disse. O atraso e a discussão sobre o aumento de salário dos parlamentares levaram a platéia a vaiar Severino, quando o locutor anunciou sua presença à cerimônia. Severino ainda não bateu o martelo na primeira disputa desta reforma: a definição da relatoria, exigida tanto pelo PT - apoiado pelas centrais sindicais -, como pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Até a noite de ontem, contudo, Severino tendia a adotar uma decisão salomônica: nomearia o deputado Vicentinho (PT-SP) para a relatoria e José Chaves (PTB-PE), ligado aos industriais, presidente da comissão especial da reforma. O deputado Medeiros (PL-SP), ex-presidente da Força Sindical, escolheria entre a vice-presidência da comissão ou a sub-relatoria. A definição dos nomes e a criação da comissão podem ocorrer ainda hoje. Berzoini, enfatizou ontem que o projeto de reforma sindical que levou ontem ao Congresso não é do governo, mas da sociedade. Ele espera, assim, minar as resistências à proposta: "Essa reforma sindical não é a do governo, não é a ideal para os trabalhadores nem para os empregadores, ou seja, foi negociada, é a melhor para o país e a que mais tem condições de ser aprovada". Berzoini, que passou a tarde no Congresso para fazer a entrega oficial da reforma aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e da Câmara assumiu, contudo, que há grandes resistências ao texto final, negociado por dois anos entre governo, trabalhadores e empregadores: "Houve muito diálogo e sei que haverá muitas resistências, mas enfrentamos resistências maiores na reforma da Previdência e conseguimos aprovar na Câmara e no Senado em 10 meses. Podemos fazer isso novamente". Ele admite modificações do projeto: "É claro que para aprovarmos a reforma sindical em 2005 teremos que negociar muito". As resistências existem mesmo dentro do PT, que não fechou posição sobre a reforma sindical na reunião da bancada na última semana. Hoje o ministro se encontrará com os 91 deputados petistas, para defender a proposta. (HGB)