Título: Mulheres ganham 38,5% menos no país
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/03/2009, Brasil, p. A2

O salário médio das mulheres no Brasil seria 38,5% inferior ao dos homens nos mesmos cargos, quase o dobro da diferença salarial globalmente, segundo a Confederação Sindical Internacional (CSI). Com esse percentual, o Brasil registra a maior desigualdade de salários entre homens e mulheres numa pesquisa realizada pela CSI com 300 mil pessoas em 20 países, com o risco desse fosso aumentar com a crise econômica. Pela pesquisa, o fosso salarial mundial é de 22%, comparado a 16,5% pelos dados oficiais. Ou seja, a desigualdade é bem maior do que os governos normalmente admitem.

A CSI diz representar 170 milhões de empregados em 312 organizações afiliadas de 157 países e divulgou os dados antes da publicação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a situação das mulheres na economia. A diferença salarial média vai de 38,5% no Brasil a 11% no Paraguai. Na vizinha Argentina, as mulheres ganham 29% menos que os homens.

O informe confirma que a qualificação acaba jogando contra as mulheres. Aquelas com mais qualificação educativa sofrem uma brecha salarial maior em comparação com os homens com formação similar.

A diferença de salários aumenta também com a idade. Na medida em que os cargos de mais responsabilidade são atribuídos a pessoas mais experientes, ficam sobretudo com os homens, com mais anos de serviço. A CSI mostra também que a diferença salarial entre homens e mulheres é quase idêntica no setor privado e no setor público no Brasil. O estudo mostra que as mulheres ganham 34% a menos na área de serviços, que inclui bancos, marketing etc. A diferença na indústria e agricultura seria de 30,5%.

Sharan Burrow, presidente da CSI, diz existir "discriminação tanto aberta como sutil contra as mulheres no mercado de trabalho e no local de trabalho, de maneira que os empregadores, sobretudo no setor privado, as promovem a postos com remuneração menor".

O estudo da confederação examina também o impacto da crise econômica sobre as mulheres, notando que as consequências são negativas em setores industriais de exportação e na agricultura. A tendência seria de substituir o emprego regular por contratação temporária.

A pesquisa também aborda a violência contra as mulheres, com base em estudo divulgado em 2005 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), chamando atenção para suas consequências no emprego e na situação econômica das mulheres. (AM)