Título: Governo vai reformular portais na web
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/03/2009, Empresas, p. B3

O governo federal decidiu reformular a sua cara na internet. Nesta semana, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) assinou contrato com a agência TV1, escolhida para renovar os dois portais institucionais do poder executivo - www.brasil.gov.br e www.presidencia.gov.br. Ruy Baron/Valor

Ottoni Fernandes Junior, da Secom: "Teremos uma estrutura de informação voltada à atração de investimentos"

O projeto, que terá duração de um ano, possui uma verba total de R$ 11,1 milhões. O edital prevê ainda a possibilidade de que o acordo seja prorrogado por até 60 meses.

Com a iniciativa, o governo pretende por fim à apatia e à falta de interatividade que marcam os sites atuais. "O que acontece é que até agora não tínhamos uma política específica para lidar com a internet como ferramenta de comunicação", comenta Ottoni Fernandes Junior, secretário-executivo da Secom. "Esse redesenho dos portais vai refletir essa mudança de postura."

As reformulações terão como alvo tanto o cidadão comum que busca informações e serviços pela rede quanto pessoas e empresas do exterior interessadas em obter mais informações sobre como investir no país. No cronograma, diz Fernandes, está previsto desde o uso de ferramentas de localização, como o Google Maps, até a criação de comunidades por meio de redes sociais. A ideia é que o espaço desenhado para investidores estrangeiros apresentem seções sobre oportunidades de investimentos em áreas como siderurgia, biodiesel, petróleo e gás, aerospacial, papel e celulose, eletroeletrônicos e automotivo, entre outras.

Paralelamente, o site terá uma área voltada para cultura, artes e turismo, além de destaques para produção científica, legislação e empresas brasileiras que são referências mundiais.

Para desenhar o projeto, a Secom foi buscar inspiração em iniciativas de outros países. As principais referências vêm de experiências realizadas pelo governo da França e, mais recentemente, pelos Estados Unidos, que viu o hoje presidente Barack Obama fazer da internet uma das mais potentes ferramentas de comunicação e arrecadação de verbas para campanha. "Teremos uma estrutura de informação em diversos idiomas voltada à atração de investimentos", afirma Fernandes. "No fim de sua navegação pelo site, o investidor saberá em que porta bater para entrar no país."

Segundo Sergio Motta Mello, presidente do grupo TV1, os trabalhos da agência devem ter início em abril. "Não será uma simples reformulação de páginas de um site", comenta. "Deveremos ter pelo menos 50 pessoas envolvidas no desenvolvimento dos portais."

A reformulação dos portais marca o segundo passo do governo federal em sua meta para reforçar a imagem do país no exterior. Em novembro do ano passado, a Secom contratou a CDN/Fleishman-Hillard como agência de relações públicas para promover o país internacionalmente. O contrato anual foi fechado em R$ 15 milhões.

Fernandes, da Secom, afirma que essa é a primeira vez que o governo contará com uma agência para cuidar, especificamente, de sua comunicação na internet. A expectativa da Secretaria é que o edital, que resultou na contratação da TV1, sirva de referência para demais órgãos da administração pública federal. "Criamos um padrão de técnica e preço para essa licitação e dispensamos o pregão eletrônico, que é usado por muitas estatais e ministérios", comenta. "Trata-se de um projeto complexo de comunicação, não apenas de tecnologia."

O uso da internet como ferramenta de marketing para criar e proteger marcas não é um exercício fácil. A pichação digital é tanta que, entre grandes empresas, já se tornou comum a contratação de consultorias especializadas em filtrar o que se fala sobre determinado assunto na rede para, a partir daí, adotar ações que minimizem seus estragos.

Uma simples busca pela internet deixa claro que as coisas podem ser ainda mais complicadas quando esse assunto refere-se a um país. Entre os cinco primeiros resultados de uma busca no Google pela palavra "Brazil" - assim mesmo, em inglês - estão os links para duas revistas com conteúdo erótico. O link do brasil.org também está ali, ao lado de outro endereço que leva o internauta para uma página de naturismo.