Título: Receita da AmBev aumenta 60% um ano após fusão
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 03/03/2005, Empresas &, p. B3
Há um ano, a AmBev anunciava, oficialmente ao mercado, a aliança com a cervejaria belga Interbrew - que resultou, mais tarde, na criação da Inbev. Doze meses depois, a empresa apresenta uma recuperação de cinco pontos percentuais de participação de mercado - de 68,1%, segundo AC Nielsen- e divulga um balanço mais encorpado, que já consolida os resultados da canadense Labatt, incorporada na negociação com os belgas. No quarto trimestre, a operação canadense contribuiu com uma receita líquida de R$ 1,55 bilhão. Somados os resultados das três operações da companhia - Canadá, América Latina e Brasil - a AmBev alcançou no quarto trimestre de 2004 uma receita líquida de R$ 4,5 bilhões, 60,3% acima dos últimos três meses de 2003. A geração de caixa, no período, totalizou R$ 1,7 bilhão, alta de 66,2%. "Estamos animados com o crescimento da economia", disse João Castro Neves, diretor financeiro e de relações com investidores. O forte resultado apresentado no último trimestre - com um aumento de 14,6% das vendas de cerveja - contribuiu para o desempenho da companhia em 2004. No ano, a receita totalizou R$ 12 bilhões, uma alta de 38,3% em relação a 2003. O lucro líquido, no entanto, teve uma queda de 17,7% em 2004 por conta da amortização do ágio relacionado à incorporação da Labatt, além do impacto negativo em R$ 220,6 milhões do resultado financeiro em função do "hedge" feito pela companhia para se proteger contra variações cambiais. "Nossas dívidas estão 100% hedgeadas como no passado", disse Castro Neves. "Se temos dívida em moeda diferente da nossa receita, temos que nos proteger." A reconquista de sua fatia de mercado deve-se a uma política agressiva de investimentos em marketing e vendas. Num ambiente mais competitivo, as despesas da área em 2004 totalizaram R$ 1,8 bilhão (dos quais R$ 833,7 milhões no Brasil), valor 32,8% acima de 2003 - quando começou a disputa de mercado com a Schincariol. A operação da América Latina teve um incremento da receita de 83,7%, atingindo R$ 1,92 bilhão. Apenas a argentina Quinsa na qual a AmBev detém 54,8% do capital, contribuiu com R$ 1,15 bilhão. "A parceria com a Quinsa contribuiu fortemente para resultado no Cone-Sul e na América Central. Conquistamos participações de 15% com três a seis meses de operação", disse Castro Neves. A empresa investirá US$ 100 milhões em uma nova planta na República Dominicana e prevê para este ano uma nova fábrica no Peru, onde já atua no segmento de refrigerantes. Embora tenha "engordado" os resultados consolidados da cervejaria brasileira, a operação canadense - agora sob o comando do CEO Carlos Brito - teve uma queda de 4,6% na receita líquida e uma queda da participação de mercado de 43,1% para 41,9%. "O segmento de marcas de preço cresceu muito no Canadá", disse o diretor financeiro. "Vamos implantar ferramentas de mercado importantes, como pesquisas no ponto-de-venda para combater esse segmento." Para os analistas, 2004 foi o ano da reconquista de participação de mercado e consolidação do novo negócio e que a empresa está pronta para crescer em 2005. "Agora, a empresa deve trazer valor com a captura de sinergias", diz Tânia Sztamfater, do Unibanco. "Com a melhora econômica e a consolidação já feita, o cenário é muito positivo", diz Pedro Galdi, do ABN-Amro. Em um ano da aliança, as ações PN, que chegaram a ter queda de mais de 30%, já recuperaram o patamar anterior ao anúncio. A diferença aconteceu por conta do prêmio que apenas as ON teriam com o "tag along" (direito de receber 80% do valor pago ao controlador na de venda do controle) . "Mas o mercado reagiu ao resultado operacional forte e corrigiu os valores", disse Tânia. A AmBev pagou, em 2004, R$ 2,9 bi aos acionistas, R$ 1,3 bi em dividendos e R$ 1,6 bilhão em recompra de ações, o que ajudou a corrigir o preço das PN.