Título: Fed não vê fuga da moeda
Autor: Agências internacionais
Fonte: Valor Econômico, 03/03/2005, Finanças, p. C1

O presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Alan Greenspan, disse ontem que há "muito pouca evidência" de que os bancos centrais estrangeiros venham a abandonar o dólar, referindo-se a iniciativas como a do BC coreano de aumentar suas reservas em euro. Greenspan disse que essas mudanças são "ajustes técnicos", em seu testemunho diante do Comitê Orçamentário do Congresso. Segundo o presidente do Fed, os investidores estrangeiros irão continuar a considerar os ativos americanos como de "primeira classe". Ele disse que é possível que as instituições que vêm compondo muitas reservas em dólar decidam, por fim, que compraram muita moeda americana. "Mas isso não está acontecendo ainda", disse. "Devo dizer que há muito pouca evidência de que isso esteja sequer acontecendo, embora tenha havido rumores na imprensa de que vinha ocorrendo uma fuga significativa do dólar", disse Greenspan. "Isso pode ocorrer em algum ponto mais à frente no caminho, ninguém sabe com certeza. Mas há muito pouca evidência de que isso esteja acontecendo." Na semana passada, a moeda americana teve forte queda frente ao euro. O tombo lá fora foi resultado da declaração do Banco Central da Coréia do Sul de que aumentou suas reservas em euro em detrimento de mais reservas em dólar. Ontem, o dólar recuperou-se e fechou a 1,3155 por euro, com alta de 0,35% em relação à cotação de terça-feira. Mesmo que os BCs estrangeiros vendam grande quantidade de suas reservas em dólares, Greenspan disse que não deve haver alta brusca na taxa de juros do Fed. "Nossa conclusão geral neste ponto é que não percebemos isso [venda de dólares por BCs estrangeiros] como um problema para nossa economia doméstica", disse Greenspan. O presidente do Fed afirmou que as grandes carteiras estrangeiras de títulos de dívida dos EUA não são um problema importante para a economia e que esse apetite estrangeiro por títulos do Tesouro ajudaram a diminuir as taxas de juros de longo prazo modestamente. O problema principal por trás das carteiras estrangeiras de dívida americana é não haver poupança interna suficiente, completou ele. "Nós economizamos muito pouco", afirmou. "A resposta não é proibir os estrangeiros de comprarem nossos títulos, mas sim criar uma situação na qual tenhamos poupança interna suficiente para que a necessidade de pedir empréstimos no exterior seja reduzida dramaticamente." Greenspan declarou apoiar o aumento de incentivos para os americanos economizarem mais. Greenspan disse ainda que o déficit público do país é "insustentável" e que são necessários cortes de gastos antes que as despesas do sistema de Previdência Social e de outros programas de benefícios cresçam vertiginosamente. O presidente do Fed reiterou que a economia americana cresce em ritmo de expansão razoavelmente bom, mas que o governo precisa conter seus gastos. "Lidar com os desequilíbrios do governo exigirá exame minucioso tanto dos gastos quanto dos impostos. Aumentos de impostos de dimensões suficientes , no entanto, colocam riscos significativos ao crescimento econômico."