Título: Queda de preços e menor volume devem reduzir ganho da Petrobras
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 06/03/2009, EU & S.A, p. D4

A Petrobras deve apresentar hoje um resultado mais fraco relativo ao quarto trimestre de 2008 em função da queda de 51% nos preços em dólar do petróleo (Brent) na comparação com o trimestre anterior e do menor volume de vendas de combustíveis no mercado doméstico.

As estimativas para o lucro líquido consolidado no trimestre variam entre R$ 8,7 bilhões (Itaú) a R$ 9,1 bilhões (Credit Suisse). No terceiro trimestre a companhia reportou lucro líquido de R$ 10,8 bilhões, com um ganho acumulado até setembro de R$ 26,5 bilhões.

Os analistas esperam algum ruído nos resultados com a conversão dos balanços às novas práticas contábeis (na transição para os padrões internacionais de contabilidade) e alguns bancos, como o Credit Suisse, não incorporaram as mudanças nas projeções por entender que ainda não está claro como a Petrobras vai reportar os resultados do último trimestre.

A corretora Ativa, que projeta apenas o resultado da controladora, prevê lucro líquido de R$ 7,7 bilhões. Apesar dos preços menores do petróleo que afetam negativamente os estoques da companhia, os números podem ser favorecidos pela depreciação do real sobre ativos no exterior (isso se a empresa não tiver levado em consideração no trimestre as novas regras contábeis, que não preveem esse efeito cambial no resultado) e pelo provisionamento de juros sobre o capital próprio, cujo maior efeito é a redução do imposto a ser pago.

Também ajuda o fato de continuar inalterados os preços da gasolina e diesel vendidos no mercado doméstico, que segundo cálculos da analista Paula Kovarsky e Diego Mendes, do Itaú, estavam respectivamente 60% e 40% acima da média do mercado internacional no último trimestre. E os preços mais altos desses derivados no Brasil permite melhores margens de refino para a companhia.

Monica Araújo, da Ativa, destaca ainda entre os pontos negativos a estrutura de endividamento da companhia considerando que foram investidos no trimestre R$ 20 bilhões (volume recorde), o que ela ainda considera uma "alavancagem confortável". Araújo também espera um aumento de 10,7% dos custos de extração da companhia, devido à entrada em operação de novas plataformas que ainda não atingiram sua produção máxima.

A Ágora projeta lucro de R$ 8,9 bilhões e receita líquida de R$ 56,8 bilhões. Já o Credit Suisse projeta receitas de R$ 53,25 bilhões e lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações de R$ 10,1 bilhões.

Em um dos comentários mais empolgados, o Goldman Sachs afirma em relatório assinado pelo analista Arjun Murti que a companhia está no topo da lista de recomendações, sugerindo que sejam ignorados itens com potencial de ruído. A empresa é considerada pela instituição uma das "mais bem posicionadas no mundo" para quando chegar o novo ciclo de alta dos preços do petróleo registrando "incomparável perfil de crescimento" e retornos sobre o capital "competitivos".

Gustavo Gattass, do UBS Pactual, diz que sua expectativa é de bons resultados e lucro operacional forte mesmo diante da perda de estoques. "A dúvida é sobre como vêm os resultados [pelas novas regras] pois tem muita mudança contábil nesse trimestre", disse Gattass.