Título: Crédito para veículos chegou a R$ 10 bi
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 03/03/2005, Finanças, p. C3

As instituições financeiras ligadas às montadoras de veículos liberaram R$ 10,043 bilhões para a compra de automóveis novos em 2004 através de Crédito Direto ao Consumidor (CDC), Finame, arrendamento mercantil (leasing) e consórcio. Os dados constam de um balanço anual divulgado ontem pela Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras (Anef), à qual são associados 21 bancos, empresas de leasing e administradoras de consórcios. As montadoras venderam 1,5 milhão de automóveis no mercado interno no ano passado, dos quais 947 mil foram financiados. Destes, mais de 63% passaram pelas instituições filiadas à Anef. O número de unidades financiadas, de 599 mil, aumentou 8,1%. O volume de recursos liberados foi 19,8% superior ao registrado em 2003. O saldo das carteiras (financiamento e leasing, sem o consórcio), fechou o ano em R$ 9,8 bilhões, com crescimento de 9% comparado ao ano anterior. Ao longo do ano, os bancos de montadoras trabalharam com taxa média de juros no CDC de 1,99% ao mês, praticamente inalterado em comparação ao início do ano, informou Luiz Horácio da Silva Montenegro, presidente da Anef, do Banco Toyota e da Toyota Leasing do Brasil. O prazo médio dos financiamentos encurtou de 28 meses em relação à média de 2003. "Nosso desafio é ampliar o prazo dos financiamentos e fazer as prestações ficarem menores", comentou Montenegro. O destaque do balanço ficou para os veículos comerciais, cujas vendas financiadas cresceram 34%, atingindo 37,6 mil unidades. Segundo Xavier Accariès, diretor comercial e de marketing do Banco DaimlerChrysler, o avanço significativo nas vendas de veículos comerciais está relacionado com a demanda maior por transportes, especialmente no agronegócio. "A demanda de veículos para transportes aumentou em geral", afirmou Accariès. Também aumentou o número de motocicletas vendidas e financiadas. Segundo a Anef, das 976 mil unidades, 83% foram financiadas por meio de CDC e consórcio. Apesar de um crescimento de 2% no número de novas cotas vendidas (para 675,4 mil), o consórcio reduziu sua participação no total de motocicletas financiadas, de 48% em 2003 para 45% em 2004, enquanto o CDC ampliou de 34% para 38% no mesmo período. Apenas 17% das motos adquiridas no ano passado foram compradas à vista, contra 18% em 2003. O balanço da entidade revelou uma queda de 11,4% nas vendas de novas cotas de consórcios. Dos 817,5 mil consorciados ativos no país ao final de 2004 (dados do Banco Central), 230 mil são clientes das administradoras ligadas à Anef. "As vendas através de consórcio estão mostrando uma perda de importância" na preferência dos consumidores, afirmou Flavio Croppo, vice-presidente do Banco Fidis de Investimentos (Grupo Fiat). De 2000 a 2004, a venda de cotas de consórcios de automóveis caiu 16,4% nas instituições ligadas à Anef. A maior preocupação dos bancos de montadora não é apenas com a queda das vendas de consórcios, mas o crescimento do número de cotas contempladas em pendência - ou seja, o cliente foi sorteado mas não retirou o bem. Segundo Croppo, desde 1997, quando uma resolução do BC liberou os consorciados para retirarem o bem contemplado a qualquer momento até o final do prazo de pagamento, a cada ano cresce o número de pessoas que deixam de retirar o bem. "Isso prejudica a própria indústria porque ficamos acumulando carros e motos", afirmou o presidente da Anef, que pretende levar o problema ao BC.