Título: Governo quer atrair investimento do setor privado para saneamento
Autor: Saavedra , Vera
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2009, Brasil, p. A3

A participação do setor privado na área de saneamento ainda é marginal, abrangendo 10 milhões de pessoas, pouco mais de 5% da população brasileira (190 milhões), avalia Élvio Gaspar, diretor de inclusão social do BNDES. Ontem, foi apresentado estudo atrelado a pesquisa do Ibope , que mostra o impacto da presença de empresas privadas que investiram em serviços de água e esgoto em 61 municípios. O estudo, que custou US$ 1,5 milhão ao Ministério das Cidades, em parceria com o Banco Mundial, mostrou que a cobertura de esgoto deixa a desejar, enquanto a ampliação da cobertura de água é a mais percebida por 83% dos usuários pesquisados.

Para Gaspar, a meta do governo é universalizar os serviços de saneamento básico em 15 anos, a partir de 2006/2007. O plano vai demandar investimentos anuais de R$ 10 bilhões. "Só chegaremos lá com o aumento da presença de investidores privados nos projetos de saneamento básico", avalia. Segundo dados da PNAD/2007, do IBGE, 73,6% dos domicílios brasileiros contam com coleta de esgoto. Desse total, 51,3% possuem rede coletora - mas um terço dessa rede joga os detritos diretamente nos rios e mares - , 22,3% têm fossa séptica, 24,1% outros tipos de coleta e 4,6% não têm nenhum tipo de serviço de esgotos. A cobertura de água já alcança 83,3% dos domicílios. "Nosso desafio é chegarmos a 100% nos dois serviços até 2020. Só chegaremos lá em parceria com o setor privado", avaliou Gaspar.

Segundo ele, entre 2006 a 2010 o PAC garante oferta de recursos de R$ 40 bilhões para projetos de saneamento básico de concessionárias estaduais e municípios. "Temos condição (setor público) de cumprir o programa do PAC até o ano que vem. Vamos investir R$ 40 bilhões. Este ano, o BNDES já contratou financiamento para 48 projetos de concessionárias e municípios e está estudando a contratação de mais quatro. Isso vai representar um investimento total de R$ 6,3 bilhões, dos quais R$ 4,3 bilhões serão financiados pelo banco. Até o fim de janeiro, o BNDES já havia liberado R$ 851,1 milhões para os projetos, ou 20% dos R$ 4,3 bilhões. Gaspar prevê que até dezembro o banco deve desembolsar mais de R$ 2 bilhões para os projetos em sua carteira, onde a Copasa (MG), apresenta maior volume de subcontratos.

Segundo o diretor do BNDES, as oportunidades de investimento no setor de saneamento para o setor privado vão aumentar a partir de 2011, quando estarão esgotados os recursos do PAC.