Título: Lula defende que Dilma vá a eventos públicos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2009, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a participação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em eventos públicos. De forma irônica, o presidente disse que chegou a pensar em não ir ao seminário organizado pela Secretaria Nacional dos Direitos da Mulher, deixando Dilma sozinha no evento, mas acabou desistindo: "Eu tinha outros compromissos e a Dilma ia vir sozinha. Mas eu acabei decidindo vir também. Até porque ela vai participar de um debate aqui amanhã e vão dizer que tudo que ela fizer daqui para frente é política."

A oposição apresentou, há três semanas, uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a participação de Dilma e Lula no encontro com prefeitos, realizado nos dias 9 e 10 de fevereiro. Para DEM, PSDB e PPS, a reunião serviu apenas para promover Dilma como candidata de Lula à Presidência em 2010. O governo rebateu os argumentos, alegando que a oposição quer impedir o governo de governar e que todas as ações e participações de Dilma em eventos têm caráter meramente administrativo.

No seminário de ontem - "Mais mulheres no poder: uma questão de democracia" - Dilma limitou-se a aplaudir outras mulheres, militantes de diversas áreas, condecoradas pela luta em defesa dos direitos femininos.

Mais cedo, ela participou de outro evento, promovido pelo Ministério da Saúde. O objetivo era debater o Programa de Assistência Integral à Mulher. Dilma aproveitou para elogiar outras ações do governo federal, incluindo o pacote de habitação, do qual é a principal negociadora com governadores e prefeitos, e defendeu um financiamento especial para as mulheres no programa, que será lançado pelo governo federal na próxima semana: "A construção de 1 milhão de casas populares é um passo essencial para a reestruturação familiar e para a segurança da mulher."

Pesquisa realizada pelo Instituto Ibope/ Instituto Patrícia Galvão/ Cultura Data, com apoio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, mostra que a legislação que garante às mulheres participação de 30% nas listas de candidatos dos partidos políticos é conhecida por apenas 24% dos brasileiros. Mas quando apresentados ao conteúdo dessa política, 75% dos entrevistados dizem-se favoráveis às cotas. E 86% apoiam a punição aos partidos políticos que descumprirem a legislação.

Para 83% dos entrevistados, a presença de mulheres no poder "melhora a política nesses espaços". Na opinião de 74% deles, elas trariam mais honestidade e mais compromisso com os eleitores. A pesquisa revelou ainda que oito em cada dez brasileiros são favoráveis a medidas legislativas que promovam igualdade política de gênero. Mais de 90% afirmaram que votariam em uma mulher. Neste grupo, cerca de 60% dariam o voto a uma candidata independentemente do cargo em disputa. Entre os que selecionaram cargos, 26% votariam em uma mulher para prefeita e apenas 14% para presidente e governadora. (PTL, com agências noticiosas)