Título: Governo fará convênio para combater o furto de gado no Sul do país
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2009, Agronegócios, p. B11

O Ministério da Justiça pretende assinar em abril os primeiros convênios com o governo do Rio Grande do Sul e prefeituras gaúchas para a implantação de uma central de inteligência contra o abigeato (furto de gado) na região. Segundo o secretário-executivo do ministério, Luiz Paulo Barreto, o plano é montar uma base regional em Bagé e escritórios em municípios que fazem fronteira com o Uruguai e a Argentina para combater a prática que já adquire características de "crime organizado" no Estado e inclui desde o furto dos animais, o abate e a distribuição clandestina da carne.

O convênio será financiado pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), mas o montante de recursos que será alocado ainda não foi definido, explicou Barreto. Segundo ele, as operações serão desenvolvidas em conjunto por representantes dos ministérios da Justiça, Agricultura e Saúde, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Civil, da Brigada Militar, da Receita Federal e das prefeituras conveniadas.

A intenção, explicou, é fechar o cerco sobre o abigeato rastreando os responsáveis pelos furtos, as rotas usadas para transporte dos animais e da carne, os frigoríficos e a rede varejista envolvida, além de garantir treinamento para a polícia estadual combater o crime. De acordo com o secretário-executivo do ministério, a prática já envolve aspectos típicos do crime organizado, como lavagem de dinheiro, ameaça a testemunhas e cooptação policial.

Conforme Barreto, as estimativas são de que o Rio Grande do Sul, que mantém um rebanho de 13 milhões de animais, concentra 80% dos casos de abigeato no Brasil. O furto e abate ilegal de gado equivale a 30% das 1,5 milhão de cabeças abatidas legalmente por ano no Estado, ou 450 mil animais. A implantação do programa está sendo discutida em Bagé em reuniões ontem e hoje com pecuaristas e prefeitos da região. Nos próximos meses o ministério pretende estender o trabalho para Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Acre.