Título: Montadoras negociam IPI menor até junho
Autor: Olmos , Marli
Fonte: Valor Econômico, 12/03/2009, Empresas, p. B11

Os fabricantes de veículos vão começar a se reunir com o governo para pedir a prorrogação do IPI reduzido por três meses além da data fixada para o fim do benefício - 31 de março. E vão pedir ainda que durante esse período de extensão do imposto reduzido sejam discutidas futuras medidas para manter as vendas de veículos aquecidas no restante do ano. Anna Carolina Negri/Valor Thomas Schmall, presidente da Volkswagen do Brasil: "Prorrogar o benefício do IPI é mandatório nesse momento"

Como sabe que não vai poder se beneficiar de um imposto menor por um período muito longo, a indústria automobilística já pensou em propor alguma medida que traga de volta o crédito fácil, motivo que sustentou a maior parte do crescimento do setor em 2008. A ideia é buscar algum tipo de financiamento, segundo o presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall.

"É absolutamente mandatório manter o IPI reduzido por mais três meses", disse ontem o executivo durante a apresentação dos produtos Volkswagen em uma feira de tecnologia em São Paulo. Para o executivo, a maior parte do fôlego que o IPI menor proporcionou ao mercado já passou. "O impacto a partir de agora será menor", destacou. Schmall não forneceu as datas das reuniões com o governo.

Para ele, a situação vai ficar muito pior se o benefício não for prorrogado. "Vamos voltar aos níveis de outubro e novembro", disse. O impacto da escassez de crédito fez as vendas de veículos mensais saírem de médias em torno de 250 mil a 270 mil para 177 mil em novembro. Depois que o governo reduziu a alíquota do IPI, zerando o tributo no caso dos carros populares, as vendas subiram para níveis próximos das 200 mil unidades.

Do lado dos trabalhadores, centrais sindicais já ensaiam sugerir ao governo a proposta de vincular a prorrogação do benefício à manutenção do emprego na indústria automobilística. "Podemos negociar tudo, mas quem vai definir, no final das contas, será o mercado", disse Schmall.

Até agora a Volkswagen não renovou o contrato de 150 empregados temporários na fábrica de Taubaté (SP). Trata-se de uma quantidade pequena, levando em conta que a empresa tem quatro fábricas e 22 mil funcionários no país. Total de 1,6 mil temporários ainda estão na companhia.

"Nós conseguimos segurar os empregos", destacou o presidente da Volks. "É preciso lembrar que todas as empresas desse setor se prepararam para um mercado que cresceria 15% este ano", completou o executivo.

Com as atuais condições de ajuda do governo mantidas, Schmall prevê que ainda assim o mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves vai cair 5% em relação ao ano passado. Ele não faz previsões para o caso de perder os incentivos. " O importante é reagir antes", disse Schmall.

O mercado doméstico é a esperança de o setor manter o ritmo da atividade, já que as exportações estão caindo, principalmente em consequência da queda dos mercados vizinhos.

A Volkswagen, que é a maior montadora do país e também a maior exportadora do setor, vai reduzir as vendas externas este ano. Schmall prevê que o volume total cairá de 180 mil veículos em 2008 para algo em torno de 160 mil. "Exportar vai ser muito complicado; por isso, temos de cuidar do mercado brasileiro, que ainda tem muito potencial para crescer", disse o executivo.

Os níveis dos estoques dos carros da Volks estão normais em alguns modelos, mas ainda altos em outros, segundo o presidente da companhia. Apesar disso, a Volkswagen vem sofrendo menos com a crise do que alguns concorrentes. Com a linha de produtos sendo renovada, a empresa conseguiu passar à frente da Fiat e assumir a liderança do mercado brasileiro em fevereiro.