Título: Sensor do Ipea indica que apreensão com economia cresceu em fevereiro
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/03/2009, Brasil, p. A3
A pesquisa Sensor Econômico, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com 115 entidades representativas de trabalhadores e empresários em diversos setores da economia (exceto o setor financeiro), apontou que, no mês de fevereiro, o setor produtivo se manteve apreensivo quanto à expectativa socioeconômica, com o indicador em 4,36 pontos, contra 6,78 em janeiro. Quanto mais baixa a pontuação, mais próximo de um cenário adverso se mostra o setor.
Mesmo assim, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, avalia que a expectativa pode melhorar na próxima pesquisa, uma vez que a redução da taxa de juros - na quarta-feira, o Copom baixou para 11,25% ao ano a taxa básica da economia brasileira, um corte de 1,5 ponto percentual -, as ações dos governos, o aumento do salário mínimo, e o fim dos ajustes dos estoques pelas empresas pode mudar o quadro em relação ao último trimestre de 2008, quando a situação foi de ajuste de estoque, remessa de recursos de empresas transnacionais para matrizes e efeito da alta dos juros no primeiro semestre de 2008 no quarto trimestre do mesmo ano.
"Em relação a janeiro temos a manutenção de uma expectativa de apreensão, mas o setor produtivo vê as contas nacionais adequadas e taxas de juros em um patamar decrescente, inflação controlada. Mas do ponto de vista dos efeitos sociais, os sinais são de piora. É um quadro que pode ser alterado para melhor ou para pior e dá uma percepção de muita incerteza", disse o presidente do Ipea.
Em janeiro, a pesquisa apontou que as entidades de trabalhadores estavam confiantes de que o PIB brasileiro cresceria acima de 1,6%. Porém, em fevereiro, a crença se tornou apreensão, indicando a expectativa de um crescimento inferior a 1,5%. As empresas registraram menor segurança em relação ao um crescimento do PIB superior a 1,6%, mas mantiveram otimismo em relação à estabilidade da taxa de câmbio, inflação e redução da taxa de juros.
O Sensor Econômico mostrou mais gravidade nas regiões Sul e Sudeste, aponta o presidente do Ipea, "por serem regiões mais industriais e o foco da crise e onde o cenário é mais adverso para as empresas do ponto de vista de produtividade e emprego e nas questões sociais, que envolvem itens como massa salarial, pobreza, desigualdade e violência". Já o Nordeste aparece com desempenho melhor e o setor produtivo local se mostra mais confiante que os demais.