Título: Dirceu diz que volta da coordenação política para o PT ainda é incerta
Autor: Cristiano Romero
Fonte: Valor Econômico, 04/03/2005, Política, p. A6

O ministro da Casa Civil, José Dirceu, disse que o PT "não colocará nenhum empecilho e dará todo apoio" à reforma ministerial. Disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve iniciar as mudanças nas próximas duas semanas. "O presidente já tem todos os elementos e informações de que precisa para fazer a reforma, tudo que ele pediu nós fizemos". Dirceu evitou prever uma data para o anúncio inicial da reforma, dizendo que Lula "não gosta de fazer nada às pressas e prefere fazer bem feito". O ministro disse que ainda "não há uma decisão" sobre a volta da articulação política ao PT e que não é justo responsabilizar o ministro da coordenação política, Aldo Rebelo, "por problemas que são de todos nós, não é justo nem leal". Dirceu disse que é natural que diversos ministros trabalhem na articulação política, citando como exemplos os ministros da Secretaria Geral da República, Luiz Dulci, o da Fazenda, Antonio Palocci, e o da Secretaria de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken. Segundo ele, a escolha de um grupo de auxiliares pelo presidente para fazer a articulação política não interfere na reforma ministerial. Dirceu disse que não negociará ministério com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e que esse assunto deverá ser discutido com Lula. "Não terei uma participação direta na reforma, só dou opinião quando consultado, como fiz na semana passada". O ministro disse ter conversado por telefone com o presidente ontem, mas não falou sobre a reforma ministerial. A maior parte da conversa foi um relato ao presidente sobre os resultados da visita aos Estados Unidos e das reuniões com a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e com o assessor de segurança da Casa Branca, Steven Hadley. Cuidadoso ao comentar as reuniões com altos integrantes do governo americano, nas quais foram discutidas as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e o envolvimento brasileiro em questões internacionais como a crise do Haiti e a Venezuela, Dirceu disse não ser responsável por elaborar a política externa do governo, "que é a área do ministro Celso Amorim". O passado de militante da esquerda armada surgiu num ato falho do ministro ao falar sobre o pleito do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, que Dirceu chamou de "Conselho de Segurança Nacional".