Título: Aliados tentam segurar cargo de Aldo
Autor: Cristiano Romero
Fonte: Valor Econômico, 04/03/2005, Política, p. A6

Os partidos aliados ao governo no Congresso defendem a manutenção de Aldo Rebelo como ministro da Coordenação Política. Na avaliação dos aliados, em vez de substituir o ministro, o Palácio do Planalto deveria dar a Aldo os instrumentos para que ele possa exercer plenamente a articulação política. "Aldo é bom para a coordenação porque representa bem a heterogeneidade da base aliada", disse ontem o líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES). "O que o Aldo precisa é ter em mãos os instrumentos que fortaleçam a coordenação." Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu, em janeiro de 2004, tirar a coordenação política da Casa Civil e nomear Aldo ministro da área, uma das atribuições da articulação - a nomeação dos cargos de confiança - não foi transferida ao novo titular. A ele foi assegurada apenas a liberação das emendas dos parlamentares ao orçamento. A Casa Civil se recusou a liberar os cargos porque o PT, que definiu todas as nomeações, receou perder poder. No governo Fernando Henrique, tanto a liberação de emendas quanto as nomeações eram feitas pelos ministérios. A centralização gerou desconfianças entre os aliados, que se queixam do tratamento dado pelo governo, especialmente pelos ministros do PT. O desejo dos aliados de manter Aldo na coordenação política vai contra a pressão do PT, que já explicitou o interesse de retomar o cargo. Desde que perdeu a disputa pela presidência da Câmara, o partido vem buscando uma compensação. Um dos argumentos da cúpula petista é que, haverá negociações de alianças nos estados com vistas ao projeto de reeleição do presidente Lula em 2006, o cargo precisa estar nas mãos do PT. Na opinião dos aliados, a predominância do PT na coordenação não facilitará o diálogo com os partidos da base. Nas conversas sobre a reforma ministerial, os aliados, principalmente o PMDB, deixaram claro também que a reforma não terá os efeitos que o Palácio do Planalto pretende - o principal deles seria fortalecer o caráter de coalizão do governo -, se a estrutura de poder nos ministérios não for verticalizada. Os partidos querem ter total liberdade para nomear os integrantes das Pastas. Atualmente, todos os ministérios, mesmo os que não são comandados pelo PT, possuem petistas no segundo escalão. As negociações sobre a reforma intensificaram nos últimos dias, embora o presidente Lula, segundo um assessor, permaneça fazendo consultas sem informar, aos próprios auxiliares, o que fará. A assessoria do Palácio do Planalto ainda não confirmou, mas o presidente deverá se reunir no fim de semana, em Brasília, com integrantes da cúpula do PMDB. O governo está convencido de que precisa fortalecer a participação do PMDB. Isso passa pela substituição do senador Amir Lando (PMDB-RO) por seu colega de partido, o senador Romero Jucá (RR). Outro ministro pemedebista - Eunício Oliveira - poderá deslocar-se para a Integração Nacional, entregando as Comunicações à senadora Roseana Sarney. O atual ministro da Integração, Ciro Gomes, poderá assumir a Saúde. Além de fortalecer o PMDB, o governo quer entregar um ministério ao PP. Embora esteja cotado há meses para assumir um posto, o deputado Pedro Henry perdeu fôlego recentemente por ter deixado a liderança do PP. O partido já analisa a possibilidade de indicar outro nome. Embora sua situação não esteja sendo discutida no âmbito da reforma, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, está cada vez mais enfraquecida. Segundo um assessor do presidente, Marina está "isolada". Nesta semana, ela sofreu mais uma derrota interna, quando tentou, sem sucesso, reabrir a discussão da Lei de Biossegurança, aprovada quarta-feira na Câmara. Ontem, o porta-voz da presidência, André Singer, reiterou que Lula não tem pressa. Quanto à participação dos partidos, disse que "é natural que ela corresponda à necessidade de fortalecer a sustentação política no Congresso". (Colaborou Taciana Collet, de Brasília)