Título: Roberto Rodrigues disputa poder com Marina, Rosseto e Amorim
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 04/03/2005, Política, p. A6
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, defendeu ontem, durante café da manhã com a bancada pemedebista do Senado, que sua pasta tenha autonomia total sobre os assuntos da agricultura, incluindo a agricultura familiar e os projetos de reflorestamento para exploração econômica. A informação é do senador Ney Suassuna, líder do PMDB e organizador do encontro. Quatro senadores do partido, de acordo com Suassuna, concordaram com Rodrigues e assumiram que defenderão as propostas dentro do Senado, principalmente com debates nas comissões temáticas da Casa. "Vocês conhecem grande dentista e pequeno dentista? Por que separar a agricultura da agricultura familiar? Tudo é parte da mesma cadeia produtiva, não há motivos para termos essa odiosa divisão", afirmou. Hoje em dia o Programa de Agricultura Familiar (Pronaf) - que possui uma verba que pode chegar a R$ 5 bilhões - está sob a coordenação de Miguel Rossetto, ministro do Desenvolvimento Agrário. Rodrigues também criticou o fato de os projetos de reflorestamento para fins econômicos ficarem sob a tutela de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente: "Não discuto que florestas têm que estar no Meio Ambiente, mas por que quando se planta florestas para fazer carvão ou extrair celulose está no Meio Ambiente? Isso não é agricultura?" Quatro senadores concordaram com as propostas de Rodrigues e disseram que vão debater o assunto em quatro comissões da casa: Agricultura, Mercosul, Assuntos Econômicos e Fiscalização, Controle e Meio Ambiente. Pedro Simon (RS), que já foi ministro da Agricultura, foi um dos maiores entusiastas da idéia de unir esses assuntos na Agricultura. Além das críticas ao desenho administrativo do governo, Rodrigues aproveitou o café da manhã, segundo Suassuna, para cobrar maior liberdade na negociação internacional: "Admiro o Itamaraty, mas a negociação deve ser feita por negociadores e não por diplomatas". Rodrigues disse estar mais esperançoso em fechar um acordo com a União Européia do que a Área de Livre Comércio das Américas (Alca): "Os europeus estão com problemas ambientais para produzir açúcar de beterraba - usam muita água -, e querem investir no Brasil, já os Estados Unidos não vão ceder enquanto não sair uma decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) (sobre subsídios agrícolas) e isso não acontecer antes de cinco anos".