Título: Sarney rebate denúncias contra o Senado
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 13/03/2009, Política, p. A11

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), forçado diariamente a tratar de denúncias contra a Casa, rebateu ontem as acusações em tom irritado. "Nós estamos sendo o que popularmente se chama de boi de piranha. Enquanto tudo passa, nós ficamos aqui na frente. Os grandes problemas não estão surgindo. Estão sendo discutidas pequenas coisas", afirmou.

Para Sarney, o Senado é criticado por ser mais transparente que o Executivo e o Judiciário e estar sujeito à fiscalização diária: "Não tem caixa preta nenhuma. Não há Casa mais aberta do que essa, onde as decisões são tomadas à luz do dia. Há uma diferença muito grande entre o poder Legislativo e os poderes Judiciário e Executivo. Aqui as nossas decisões são públicas e é por isso que nós sofremos essa crítica permanente."

Após as denúncias que resultaram no afastamento do cargo do ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, e a revelação de pagamento de R$ 6,2 milhões de horas extras a quase 4 mil funcionários do Senado em janeiro, período de recesso, ontem o próprio Sarney foi alvo de reportagem de "O Estado de S. Paulo".

O jornal publicou que Sarney ordenou que quatro seguranças da Casa viajassem a São Luís, para reforçar a segurança de imóveis da família, que estariam sob ameaça. "A polícia do Senado não é uma polícia armada, mas é para garantir a segurança dos senadores. Foi divulgado que vão explodir a minha casa e eu pedi aos seguranças que, dentro da sua função normal, fossem averiguar a veracidade e fizessem rastreamento na minha casa", disse ele.

Ainda ontem, o "Correio Braziliense" publicou reportagem sobre o diretor de Recursos Humanos do Senado, João Carlos Zoghbi. Ele teria repassado aos filhos apartamento funcional em Brasília, enquanto mora em uma casa num bairro nobre da capital. Zoghbi era cotado para assumir o lugar de Agaciel. O servidor divulgou nota afirmando que o apartamento funcional estava sendo ocupado por "parte da família", enquanto o restante está morando na casa ainda inacabada. E informou ter devolvido o imóvel funcional.