Título: Construção civil será mais penalizada em 2010
Autor: D"Ambrosio , Daniela
Fonte: Valor Econômico, 13/03/2009, Empresas, p. B7

Em março de 2008, empresários do setor de construção reuniram-se para discutir os desafios do crescimento, a pressão de custos dos insumos e o desabastecimento do mercado. Um ano depois, diante de uma crise mundial sem precedentes, o debate agora vai na direção oposta: como reagir ao novo cenário e o que esperar de 2009.

Por um lado, não há pressão de custos, mas também houve queda nas vendas e nos lançamentos e redução do emprego. Ainda assim, por conta das peculiaridades do segmento - como o ciclo mais longo - a atividade continua aquecida, pelo menos nos primeiros seis meses do ano. "O setor sente a crise de forma diferente", afirma Ana Maria Castelo, coordenadora da área de construção da FGV Projetos. "O crescimento em 2008 foi muito forte e as obras lançadas naquele período estão em andamento."

Para Ana Maria Castelo, o setor será mais penalizado em 2010. "A revisão de planos das empresas terá grande impacto no próximo ano", afirma. Por conta disso e da expectativa em relação às obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além do pacote de habitação prometido pelo governo, a estimativa ainda é de uma expansão de 3,5% para a construção este ano. Em 2008, segundo o IBGE, o setor cresceu 8%, mas o número pode chegar a 10%, na avaliação da FGV-Projetos - em função de indicadores como aumento de 17% do emprego formal e da alta de 13,7% nas vendas de material de construção. "O setor cresce acima do PIB, mas bem abaixo do ano passado e com crescimento concentrado no primeiro semestre", diz Eduardo Zaidan, diretor do SindusCon.

Na opinião de Paulo Gala, professor da FGV de São Paulo, o plano habitacional ajuda o setor, mas em termos macroeconômicos é limitado. "Do ponto de vista do crescimento agregado, o estímulo setorial é pequeno."