Título: Serra faz segunda visita ao PR em 30 dias
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Fonte: Valor Econômico, 17/03/2009, Política, p. A6
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), passou a manhã de ontem no Paraná, em visita ao prefeito de Curitiba, o também tucano Beto Richa, e depois ao governador Roberto Requião, do PMDB. Nos dois encontros, afirmou que não veio tratar de política. "Temos conversado sobre eleições. Hoje, particularmente, não", respondeu aos jornalistas. Foi a segunda vez que ele veio ao Estado em pouco mais de 30 dias. Em fevereiro, esteve em Cascavel, região Oeste, em uma feira agropecuária, junto com Richa, um dos principais nomes cotados para ser candidato ao governo paranaense, e outros membros do partido.
Serra disse ontem que, numa candidatura, há duas possibilidades: o consenso ou alguma forma de consulta. "O partido está tratando disso. Houve muito factóide, de que eu me oporia a prévias, ou isto, ou aquilo", disse. "Pode ser que eu venha a ser candidato no ano que vem. É possível. Mas, neste momento, estou concentrado na minha administração em São Paulo." O governador paulista comentou que faltam 20 meses para as eleições e, antes disso, é preciso enfrentar "uma crise complicada".
Sobre as visitas de ontem a Curitiba, ele deu duas explicações. Na prefeitura, quis comemorar os 10 anos do programa Mãe Curitibana, de redução da mortalidade infantil, que foi copiado por São Paulo. No governo, assinou termo de cooperação com Requião para implantação do mecanismo de substituição tributária de ICMS entre os dois estados, envolvendo inicialmente produtos do segmento de perfumaria e cosméticos e de colchões. A medida, que combate a sonegação de impostos e deve ser ampliada para outros setores em breve, tem a expectativa de gerar aumento de arrecadação de R$ 100 milhões por mês em São Paulo e de R$ 15 milhões por mês no Paraná.
Nas eleições passadas, tanto Serra como o governador mineiro, Aécio Neves, estiveram em Curitiba, capital onde PSDB conseguiu um dos melhores resultados, com a reeleição fácil de Richa. Já na ocasião os dois tiveram dificuldade para negar interesse em 2010. Ontem, Serra chegou a criticar a discussão sobre a disputa do próximo ano. "Não acho boa a antecipação para o Brasil. Tira o foco do trabalho da crise." Questionado se o enfrentamento da crise já estaria sendo prejudicado pelo interesse nas próximas eleições, ele admitiu que sim. "Já, sem dúvida nenhuma." Como ainda há muitas possibilidades no cenário político do Paraná, Serra evitou opinar sobre a disputa no Estado. "Não vou me meter na política paranaense", disse.
Até agora, dois políticos assumiram que são pré-candidatos ao governo: o atual vice, Orlando Pessuti (PMDB), e o senador Osmar Dias (PDT), que fez parte da aliança montada por Richa em 2008. A visita de Serra, no entanto, reforçou comentários de que ele estaria também buscando uma aproximação com o PMDB de Requião. "Sempre tivemos uma relação cordial, cada um com seu temperamento, evidentemente. Mas isso não significa que estejamos fazendo algum entendimento político hoje", afirmou.
No sábado, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, do PMDB, disse no interior do Paraná que seu candidato na próxima eleição é o Osmar Dias (PDT), que também está mantendo conversas com integrantes do PT em Brasília. Richa, embora não admita que esteja em campanha, também tem viajado com frequência para municípios do interior. Na semana passada esteve em Paranavaí, Umuarama e Arapongas.