Título: ADM sonda usinas para aquisição
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 17/03/2009, Agronegócios, p. B11

A multinacional americana ADM, uma das maiores produtoras de álcool dos EUA, quer ampliar seus domínios no mercado brasileiro de etanol. A companhia é apontada como possível compradora das unidades produtoras do grupo Unialco e da usina Da Mata, do empresário gaúcho Alexandre Grendene.

A negociação das três usinas em operação do grupo Unialco já está em andamento. "Ainda não há nada fechado. Há um memorando de entendimentos, que inclui todas as usinas do grupo", afirmou ao Valor Celso Del Lago, sócio da Unialco em um projeto "greenfield" (construção a partir do zero) na região de Dourados (MS) .

Nesse pacote, estariam incluídas as unidades paulistas instaladas em Guararapes, sede da Unialco, e Suzanópolis, em parceria com os grupos Pantaleon, da Guatemala, e Manuelita, da Colômbia, e outra em Aparecida do Taboado (MS), além do projeto "greenfield".

"A proposta da ADM não é segredo no mercado, como também não é segredo que o grupo Unialco enfrenta dificuldades", afirmou uma fonte do setor.

Procurado pelo Valor, o empresário Luiz Guilherme Zancaner, presidente da Unialco, negou as informações. A ADM informou, por meio de sua assessoria, que não comenta rumores de mercado.

A usina Da Mata, instalada na cidade Valparaíso (SP), que pertence aos empresários Alexandre Grendene, com 50% de participação, e Jonas Barcelos, ex-Brasif, também estaria na mira da múlti. Procurado, o grupo Grendene afirmou que houve sondagens, mas não recebeu proposta oficial do grupo e afirmou que não tem interesse de vender a usina.

Essa unidade, a Da Mata, segundo a mesma fonte de setor, seria estratégica para o avanço da ADM no noroeste paulista. Se concluir o negócio, a ADM teria uma moagem de cerca de 8 milhões de toneladas de cana por safra, com um investimento superior a R$ 1 bilhão.

Um dos maiores produtores de álcool nos EUA, a ADM teria sondado ainda uma das usinas do grupo Carlos Lyra, que também nega o assédio da multinacional.

A ADM já tinha virado alvo de especulação no setor antes mesmo de fazer sua estreia em álcool no Brasil. Nos últimos anos, a múlti foi apontada como consolidadora no país e um executivo do grupo chegou a declarar que iria comprar a Cosan, fato desmentido pelas companhias. Em novembro, finalmente, o grupo anunciou parceria com o ex-ministro da Agricultura, Antonio Cabrera, em uma usina em Goiás, com um aporte de cerca de R$ 500 milhões.

Também nos últimos meses, a ADM esteve entre as possíveis interessadas na Santelisa Vale, de Sertãozinho (SP), que está à procura de um sócio. Na semana passada, a múlti não formalizou proposta oficial para investir na companhia. Em relação à Santelisa, a ADM informou que prefere não comentar o assunto.

Fontes do setor afirmam que a ADM demorou para entrar no mercado de álcool no Brasil. E agora corre atrás de boas oportunidades, uma vez que grande parte das usinas sucroalcooleiras do país enfrenta forte crise financeira.