Título: Supermercados ampliam leque de produtos exportados
Autor: Claudia Facchini
Fonte: Valor Econômico, 07/03/2005, Empresas &, p. B3
Bonecas e carrinhos de plástico, ossos de brinquedo para cachorro, toalhas e cadeiras de praia, lápis de cor, balas e calçados. A lista de compras pode parecer insólita, mas são esses os produtos que as grandes varejistas estão adquirindo no Brasil para abastecer suas lojas em outros países. Apesar do câmbio mais desfavorável nos dois primeiros meses do ano, os fornecedores brasileiros não saíram do mercado externo, o que poderia fechar as portas dos clientes internacionais, dizem executivos do setor. O Pão de Açúcar e o Wal-Mart prevêem manter um forte ritmo de crescimento nas vendas externas, que ganharam impulso nos últimos dois anos. Apenas em brinquedos, o Pão de Açúcar acredita que deverá dobrar os embarques para as lojas do seu sócio francês, o Casino, que devem crescer de US$ 500 mil em 2004 para US$ 1 milhão em 2005. Nas Américas, o Casino está presente na Argentina, Colômbia, Venezuela, EUA e México. "Prospectamos o mercado e vimos que havia um nicho para os fornecedores brasileiros de brinquedos no mercado internacional que não era atendido pela China, principalmente na América do Sul", afirma Marcelo Ubriaco, diretor da trading do Pão de Açúcar. A varejistas desenvolveu um programa de exportação com pequenos e médios fabricantes de brinquedos de plástico, como bonecas, caminhões e carrinhos tico-tico. Segundo Ubriaco, grande parte dessas empresas fatura entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões por ano. "Algumas delas estão exportando pela primeira vez", diz o diretor do Pão de Açúcar, que vem buscando conscientizar os fornecedores para a necessidade de manter os contratos mesmo com as oscilações do câmbio. Entre 2003 e 2004, as vendas externas intermediadas pela varejista brasileira saltaram de US$ 3 milhões para US$ 20 milhões. Ubriaco prevê elevar em pelo menos 50% os embarques de mercadorias brasileiras para as lojas do Casino. O Wal-Mart possui um escritório em Novo Hamburgo (RS) e uma estrutura independente só para buscar oportunidades de abastecimento global, o que também é feito em 17 outros países. A varejista enviou no ano passado US$ 120 milhões em mercadorias brasileiras para as suas lojas nos EUA, Alemanha, México, Canadá, Porto Rico. O valor foi quase 40% superior ao exportado em 2003. Marcello D'Angelo, diretor de assuntos corporativos do grupo, acredita que, neste ano, as taxas de crescimento continuem expressivas. Na lista dos maiores fornecedores globais do Wal-Mart no Brasil figuram a Grendene, fabricante de calçados de plástico, a Buettner, marca de roupas de cama, mesa e banho, e a Lupo, fabricante de meias, roupas íntimas e de ginástica. Os móveis também ocupam um lugar de destaque na pauta de exportações do Wal-Mart no Brasil, onde a varejista possui parcerias com a Milla Móveis e a Famossul. Segundo D'Angelo, o Wal-Mart também já possui no Brasil fornecedores globais de sucos, café, biscoitos e enlatados para a sua marca própria, a Great Value. Um dos grandes parceiros neste segmento é o Café Bom Dia.