Título: Projetos da Vale em Carajás puxam expansão de Itaqui
Autor: Góes , Francisco
Fonte: Valor Econômico, 20/03/2009, Empresas, p. B10
As importações de máquinas e equipamentos para os projetos da Companhia Vale do Rio Doce na Serra dos Carajás, no Pará, estão ajudando o porto do Itaqui, no Maranhão, a manter os volumes de carga neste início de ano. "Estamos na contramão da crise", disse Angelo Baptista, presidente da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), que controla o porto. Ele afirmou que os projetos de expansão da Vale no chamado sistema norte não pararam com a crise econômica.
Segundo informações da Emap, a Vale importou por Itaqui trilhos, escavadeiras, tratores e caminhões de grande porte, perfuratrizes, pneus e um guindaste. Procurada, a Vale disse que não iria se pronunciar. Segundo Baptista, a Emap tem uma receita alta com armazenagem pelo fato de a mineradora utilizar o porto para fazer a internação de equipamentos e peças. "A perspectiva é de manutenção desse ritmo pela expansão das minas de Carajás." Baptista prevê que o faturamento da Emap supere R$ 100 milhões em 2009, um aumento de 25% sobre os R$ 80 milhões de 2008.
Dados da Emap mostram que a exportação de minério de ferro pelo sistema norte da Vale, via Maranhão, não foi tão afetada como os embarques feitos pelo sistema sul, no Espírito Santo. A movimentação do porto também vem sendo sustentada pelos derivados de petróleo, que caíram mas continuam sendo importantes. A importação de diesel por Itaqui somou 592 mil toneladas no primeiro bimestre do ano, volume 6% menor do que igual período de 2008. Em janeiro e fevereiro de 2009, foram exportados 196,4 mil toneladas de derivados de petróleo via Itaqui ante 222,4 mil toneladas em igual período de 2008, menos 11,6%.
No total, as cargas na importação por Itaqui em janeiro e fevereiro, excluindo os derivados de petróleo, somaram 112,4 mil toneladas, volume praticamente igual ao do mesmo período do ano passado (111,8 mil toneladas). Na exportação, Itaqui embarcou, sem considerar os derivados de petróleo, 461,6 mil toneladas no primeiro bimestre, 271% acima de igual período de 2008. Baptista disse que a queda na movimentação de ferro-gusa está sendo compensada por outras cargas.
Baptista prevê crescimento na exportação de soja pelo porto, que, em 2008, movimentou 1,7 milhão de toneladas do produto. Segundo a Emap, o aumento nas exportações de soja será determinado pela expansão da ferrovia Norte-Sul, que permitirá escoar parte da produção agrícola do Mato Grosso. A Norte-Sul se liga à Estrada de Ferro de Carajás (EFC), que chega até Itaqui.
Ontem uma missão da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA, na sigla em inglês) visitou o porto do Itaqui para discutir, segundo o presidente da Emap, os termos finais de um convênio para financiar estudos técnicos relacionados à expansão do porto. A Emap estima o custo desses estudos em US$ 8 milhões, os quais seriam bancados pela JICA. A expansão será necessária considerando-se a instalação no Maranhão de novos projetos industriais, incluindo a possibilidade de uma refinaria da Petrobras. Julio Akira Inoue, coordenador de projetos da JICA no Brasil, disse que a aprovação dos estudos para expansão do porto do Itaqui depende da matriz da agência, no Japão.