Título: CTNBio aprova um parecer favorável à liberação de novo algodão modificado
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Fonte: Valor Econômico, 20/03/2009, CTNBio aprova um parecer favorável à liberação de, p. B14

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem, por 15 votos contra cinco, um parecer favorável à liberação comercial da quarta variedade de algodão geneticamente modificado no país. A semente resistente a insetos "Widestrike", produzida pela multinacional americana Dow AgroSciences, ainda terá que obter registro do Ministério da Agricultura para ser cultivada.

Os membros da CTNBio entenderam que o algodão transgênico não apresenta potenciais riscos para os seres humanos ou o meio ambiente. Com essa aprovação, sobe a 11 o total de produtos transgênicos autorizados pela CTNBio - uma variedade de soja, seis de milho e quatro de algodão. Em nota, a Dow, cujo faturamento global soma R$ 4,5 bilhões, comemorou a aprovação e informou que "antes de estar disponível no mercado brasileiro, a tecnologia passou por rigorosos testes em várias regiões do país e por análises de laboratório".

Segundo a empresa, essa semente está em uso desde 2004 nos Estados Unidos para alimentação humana e animal. A Dow informa que a cultivar foi aprovada no Canadá, Japão, México, Coreia do Sul e Austrália.

Nas próximas reuniões, a CTNBio deve avaliar outros cinco pedidos de aprovação. Estão na fila três variedades de soja. Uma produzida em parceria pela Embrapa e a multinacional Basf, a cultivar "Liberty Link" da Bayer CropScience e outra da Syngenta. O algodão "Bollgard II" da Monsanto e uma espécie transgênica de milho da Syngenta também aguardam a avaliação favorável da comissão.

Novamente movimentada pela oposição de ONGs ambientalistas e de defesa do direito do consumidor à liberação de uma variedade de arroz transgênico produzido pela Bayer, a CTNBio ainda se ressente da ausência de quatro membros titulares que deveriam ter sido indicados pelos ministérios mais alinhados com esses grupos de interesse.

O presidente do colegiado, o médico bioquímico Walter Colli, rejeita um eventual "boicote" desses ministérios aos trabalhos da CTNBio. "Talvez eles não sejam importantes", ironiza Colli. "Mas não acho que seja boicote". Estão sem representantes especialistas as vagas dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, do Meio Ambiente, do Trabalho e da Justiça. A CTNBio tem 27 membros titulares e exige quorum mínimo de 14 membros para aprovação de transgênicos. (MZ)