Título: Estaleiros criticam mudança na licitação de 24 navios
Autor: Góes , Francisco
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2009, Empresas, p. B7

Empresas de navegação, estaleiros e fornecedores de equipamentos para a indústria naval estão insatisfeitos com a decisão da Petrobras de renegociar os preços dos contratos de construção e afretamento de 24 navios de apoio às plataformas de petróleo e gás natural. Depois de divulgar as propostas da concorrência internacional aberta para contratar essas embarcações, a estatal reabriu as discussões com as classificadas para tentar reduzir preços.

Em meados de 2008, estimativas de mercado indicavam que os 24 navios poderiam alcançar US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 3,3 bilhões pelo câmbio atual). Entre os armadores e estaleiros, comenta-se que a renegociação pode fazer com que empresas que eventualmente se sintam prejudicadas, perdendo uma encomenda para a qual apresentaram menor preço, recorram à Justiça.

Um armador que participou da concorrência disse que a empresa fez a proposta com base no menor preço possível. Essa oferta passou a ser conhecida de todos os concorrentes no momento em que a Petrobras abriu os envelopes. "Agora o concorrente sabe meu preço e, em uma negociação em separado, pode ganhar com uma oferta US$ 500 menor do que a minha", disse. E completou: "O que garante que a nova oferta que eu farei não vai vazar para outro concorrente?". As propostas são feitas considerando-se a construção e o aluguel dos navios à Petrobras por um período de oito anos.

A avaliação no setor é de que a Petrobras transformou uma licitação internacional em leilão. "Então por que não mudar o sistema e fazer o leilão desde o início, juntando os concorrentes em uma sala para ver quem oferece menos?", disse outro executivo. Procurada, a Petrobras disse que não iria comentar o assunto enquanto a negociação estiver em andamento.

O Valor teve acesso às informações sobre os primeiros classificados em cada um dos lotes. No primeiro deles, por exemplo, para construção e afretamento de sete PSVs (Plataform Supply Vessel) de três mil toneladas cada um, a melhor oferta foi da CBO, seguida de Saveiros Camuyrano, Superpesa e Brasil Supply, entre outras. As ofertas entre o primeiro e o quarto colocado variam de US$ 28 mil de taxa total diária até US$ 31,3 mil por dia.

As 24 embarcações de apoio integram o primeiro lote de navios de um total de 146 unidades previstas pela Petrobras para serem entregues até 2014. No setor privado, há quem entenda que os prazos já estão comprometidos. O primeiro lote foi lançado em meados de 2008 e ainda não foi concluído.