Título: Consumo de energia industrial cresce 3,7% em fevereiro em relação a janeiro
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2009, Brasil, p. A3
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou ontem que o consumo de energia industrial em fevereiro aumentou acima da média histórica quando comparado com janeiro.
Segundo ele, historicamente, o consumo pela indústria cresce 0,6% entre janeiro e fevereiro, enquanto neste ano a alta foi de 3,7%. "Foi melhor do que a gente esperava. Pode ter sido um movimento de recuperação de estoques, mas ainda é cedo para dizermos que é o início da recuperação do consumo pela indústria", disse Tolmasquim, que participou de seminário promovido pelo Grupo de Estudos de Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Tolmasquim ponderou que mesmo com a queda de 4,4% no consumo de energia total em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2008, o resultado tem o impacto minimizado quando se leva em conta a existência de um dia a mais em fevereiro de 2008. Quando se retira esse dia da conta, a queda passa para apenas 1%.
Apesar do otimismo, Tolmasquim admitiu que a EPE deve divulgar em breve uma revisão, para baixo, da projeção de crescimento do consumo de energia neste ano, que está hoje em 5,2%.
Tolmasquim também questionou a preferência dos órgãos ambientais por usinas termelétricas em relação às hidrelétricas. Além de cobrar agilidade no licenciamento das usinas hidrelétricas, ele disse que "acha estranha" a avaliação sobre as térmicas e afirmou que fica "indignado" com a opção por um modelo mais poluente que o outro. "Para o país, o setor ambiental acha a térmica melhor. Acho estranha essa avaliação."
Tolmasquim disse que, em 2008, apenas uma hidrelétrica com capacidade de gerar 350 megawatts recebeu licença prévia enquanto 93 térmicas, capazes de fornecer 22 mil megawatts, obtiveram a mesma autorização.
"É estranho que, depois de assinalarmos o efeito disso, o quanto vai causar, em termos de aumento de emissão (gás carbônico), os ambientalistas fiquem surpresos e indignados", disse. "Indignado fico eu de ver esse absurdo, de não dar licença para hídricas e dar para térmicas. Ou seja, em nome do meio ambiente, nunca se fez tanto mal ao meio ambiente", protestou.
Segundo Tolmasquim, uma das metas para 2009 é reverter a preferência dos órgãos ambientais pelas térmicas e aproveitar a capacidade hidrelétrica brasileira, que hoje está em um terço do total. Para isso, cobrou agilidade dos órgãos. (Agências noticiosas)