Título: PMDB busca chapa única com o PT para a disputa pelo governo de Minas
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2009, Brasil, p. A6

A vantagem do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), em relação aos demais pré-candidatos ao governo de Minas Gerais, mostrada pela pesquisa do Instituto Datafolha, anima o PMDB e serve de alerta ao PT, mas está longe de consolidar a posição do pemedebista como cabeça-de-chapa em 2010.

Aliados de Costa são cautelosos ao avaliar o quadro da sucessão em Minas. Eles sabem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer montar um palanque forte para a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), sua provável candidata à Presidência da República, e interessa a ele uma chapa formada por PMDB e PT.

O candidato a governador de uma eventual coligação entre as duas legendas governistas dependerá da situação nas pesquisas, mas os pemedebistas não menosprezam a força dos petistas Patrus Ananias (ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, que estão no páreo.

A relação de Hélio Costa com Patrus é boa e são grandes as chances de entendimento em torno de uma chapa única, caso até lá o ministro do Desenvolvimento Social esteja mais forte que Pimentel no PT.

Um cenário admitido pelos pemedebistas é uma chapa encabeçada por Costa, com o PT ocupando duas vagas: a de vice e uma das duas que serão abertas para o Senado (Patrus ou Pimentel). Esse acordo ficaria mais difícil caso o ex-prefeito de Belo Horizonte vença Patrus na convenção do PT. Pimentel e Costa tiveram um afastamento político na eleição municipal de 2008, quando o então prefeito preferiu aliar-se ao governador Aécio Neves (PSDB) para lançar Márcio Lacerda (PSB), em vez de uma aliança com o PMDB.

Caso Pimentel viabilize sua candidatura, deve contar com o apoio - ao menos informal- de Aécio. Uma aliança dessa o fortaleceria muito. Nesse caso, Costa poderia não disputar. Uma possibilidade que não é descartada é que o ministro pemedebista dispute novamente o Senado, instituição da qual está licenciado.

Aécio prepara uma alternativa a Pimentel, caso o ex-prefeito não consiga viabilizar sua candidatura. A opção do governador é o vice-governador Antonio Anastasia (PSDB), que aparece com 5% no Datafolha.

Costa, que já disputou o governo duas vezes (1990 e 1994), lidera em todos os cenários apresentados pelo Datafolha, variando de 37% a 43% das intenções de voto. Quando Patrus é colocado como o candidato do PT, Costa aparece com 41% e o petista, com 11%. Anastasia, com 5%, está tecnicamente empatado com Maria da Consolação Rocha, do P-SOL, com 4%.

No cenário em que Pimentel - o mais ligado à ministra Dilma entre os pré-candidatos - aparece como o candidato do PT, a vantagem de Costa cai: fica com 37%, Pimentel com 24% e Anastasia, com 4%. Como candidato de Aécio, Anastasia teria chance de crescimento.

O resultado do Datafolha confirma pesquisas encomendadas pelo PMDB e levadas a Lula pelo próprio ministro. A expectativa dos pemedebistas é que Costa se mantenha na liderança - o que poderá credenciá-lo a formar um palanque forte para Dilma.