Título: Recessão será mais profunda, diz FMI
Autor: Guha , Krishna
Fonte: Valor Econômico, 18/03/2009, Internacional, p. A14

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anulará, amanhã, as previsões que anunciou para a economia mundial no início deste ano, e preverá uma recessão mais profunda, com um desaquecimento econômico mais severo na zona do euro.

Economistas do FMI reagiram ao ritmo e à gravidade do desaquecimento "à luz da grave contração na economia mundial nos últimos três meses de 2008 ", para formular previsões ainda mais pessimistas do que as feitas em janeiro sobre o crescimento em 2009.

Teresa Ter-Minassian, uma assessora de Dominique Strauss-Kahn, o diretor-gerente do FMI, emitiu ontem forte sinalização sobre o que esperar.

Citando previsões preliminares internas elaboradas em fins de fevereiro, ela disse que o FMI acredita que a economia mundial encolha 0,6% neste ano, em vez de crescer 0,5%, como havia previsto.

"O cenário será pior, mas o diretor-gerente já disse isso", disse ela em Lisboa. "Essa é uma verdadeira crise mundial, que impactará todas as regiões e países do mundo em diferentes níveis de desenvolvimento".

As previsões são de que a economia da eurozona irá encolher 3,2% em 2009, disse ela, contra a previsão anterior de declínio de 2%. Os EUA encolherão 2,6% (contra o 1,6% antes previsto) e o Japão 5% (contra os 2,6% antes previstos), sendo portanto a economia mais duramente atingida. Em Washington, o FMI disse que os números citados por Ter-Minassian são "não-oficiais" e estão "desatualizados".

As iminentes revisões são anunciadas em meio a diferenças entre a Europa e os EUA sobre como atacar a recessão. Christoph Schmidt, um assessor econômico da chanceler alemã Angela Merkel, disse que a crescente dívida pública e a liquidez excessiva poderão empurrar os EUA para uma espiral inflacionária.

É improvável que os comentários do professor Schmidt sejam bem recebidos pelo governo Obama, que defende políticas fiscal e monetária mais frouxas em todo o mundo.

"Vejo um risco inflacionário nos EUA, no médio prazo, devido ao crescimento de sua oferta monetária", disse ele. "Existe um risco de que [os governos] possam começar a considerar a inflação como uma maneira de reduzir a carga de endividamento público".

Mervyn King, presidente do Banco da Inglaterra, defendeu que as grandes economias tomem medidas coletivas para impulsionar substancialmente o crescimento e que os governos "estejam dispostos a assumir o controle de quaisquer proporções de capital acionário que se revelem necessárias" em bancos vulneráveis.

O Banco do Japão apresentou uma minuta de plano para disponibilizar até 1 trilhão de ienes (7,7 bilhões de euros) em empréstimos subordinados a grandes bancos varejistas, em seu mais recente esforço para frear a crise econômica mundial.

A iniciativa do Banco do Japão acontece na esteira da decisão do Banco da Inglaterra de comprar dívida do governo britânico e do anúncio do Banco Nacional Suíço de seu plano para intervir nos mercados suíço.