Título: Aécio freia sucessão para negociar com Costa
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 31/03/2009, Política, p. A13

A perspectiva de um acordo com o PMDB do ministro das Comunicações, Hélio Costa, fez com que o PSDB mineiro diminuísse a velocidade com que se consolida a opção pelo vice-governador Antonio Junho Anastasia para a sucessão do governador Aécio Neves. No Palácio da Liberdade, a avaliação é que Costa, senador licenciado cujo mandato vence no próximo ano, não tentará a candidatura ao governo estadual sem fechar um acordo com o PSDB ou com o PT. E o fato de os petistas estarem divididos entre as pré-candidaturas do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel diminui a possibilidade de um acordo do PT com o PMDB.

No modelo imaginado pela cúpula tucana no Estado, o fim da verticalização das coligações abre a chance para que Costa seja candidato ao governo estadual apoiando uma eventual candidatura presidencial de Aécio Neves que concorre pela postulação, em situação de desvantagem, contra o governador de São Paulo, José Serra. Ou ainda Costa poderia ser candidato à reeleição ao Senado, tendo Aécio como companheiro em uma chapa única, apoiando Anastasia. De acordo com tucanos mineiros, a lógica da polarização federal será transposta para Minas, o que prejudica a dianteira com que Costa sai nas pesquisas de intenção de voto. Em um levantamento divulgado pelo jornal "Folha de S. Paulo" na semana passada, o pemedebista atingia mais de 40% das intenções.

Uma composição entre Hélio Costa e Aécio, se ocorrer, colocaria um fim em um processo de afastamento bastante antigo. O hoje ministro concorreu duas vezes ao governo estadual tendo como adversárias as forças que agora apoiam Aécio, em 1990 e 1994. O PMDB foi ainda o principal adversário ao PSDB em 1998 e coligou-se com o PT, contra Aécio, em 2006. Em 2002 os pemedebistas racharam: o grupo liderado pelo então governador Itamar Franco se aliou a Aécio e a outra ala apoiou a candidatura do ex-governador Newton Cardoso ao governo estadual. Na ocasião, Hélio Costa estava formalmente na coligação de Newton, mas apoiou veladamente Aécio.

Nas últimas semanas, o ministro fez publicamente declarações simpáticas ao projeto presidencial de Aécio, e manteve pelo menos um encontro reservado com o governador para discutir uma eventual composição em 2010.

Um complicador na montagem da chapa situacionista em Minas Gerais poderá ser o ex-presidente Itamar Franco. Há a expectativa de que Itamar dispute uma das vagas ao Senado no próximo ano. Sem mandato eletivo, o ex-presidente pode escolher livremente até setembro uma legenda para concorrer no próximo ano. Oscila entre o PDT - caso decida construir sua candidatura dentro do órbita federal de apoio à candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff - ou o PPS, caso o faça alinhado ao PSDB em Minas.

No cenário desenhado dentro do Palácio da Liberdade para a disputa local em 2010, Fernando Pimentel deve prevalecer sobre Patrus Ananias no processo de disputa interna petista. A avaliação é que o ministro do Desenvolvimento Social distanciou-se do Estado desde que assumiu a função no governo federal, permitindo que Pimentel avançasse na articulação com os 109 prefeitos petistas mineiros. Mas nas últimas semanas, Patrus tem intensificado a sua agenda de compromissos no Estado nos fins de semana.