Título: Usiminas recebe benefício e mantém investimentos em Minas Gerais
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 03/04/2009, Empresas, p. B6
Após conseguir do governo mineiro a ampliação dos benefícios fiscais com que já conta no Estado, a siderúrgica Usiminas anunciou ontem a manutenção de seu plano de investimentos em Minas Gerais, que somam R$ 19,1 bilhão e não têm mais prazo fixo para serem realizados. Esses projetos já tinham sido anunciados, mas antes da crise.
Em uma reunião aberta com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), o presidente da Usiminas, Marco Antonio Castello Branco, recebeu a garantia de que a empresa terá diferimento na cobrança de ICMS sobre a compra de bens de capital para ativos fixos não apenas para a principal empresa do grupo, mas também para as subsidiárias Automotiva Usiminas e Usiminas Mecânica.
Nem Castello Branco e nem o governo mineiro quiseram precisar o quanto será poupado pela empresa em pagamento de impostos com o diferimento. "O calculo é impossível de ser feito porque não temos como prever qual será o faturamento futuro da Usiminas", comentou o secretário de Desenvolvimento mineiro, Sérgio Barroso.
Também poderão ser enquadradas neste benefício as subsidiárias que deverão transferir sua sede para Belo Horizonte, como Cosipa, Fasal, Rio Negro, Dufer e Zamprogna, desde que gerem receita em Minas Gerais. Segundo Sérgio Barroso, o governo estadual ainda deverá investir R$ 62,5 milhões em obras de infraestrutura para uso da Usiminas.
O principal projeto da Usiminas no Estado é uma usina de placas em Santana do Paraíso para 5 milhões de toneladas de aço. Somente esta unidade industrial consumiria recursos de R$ 13,1 bilhões. A empresa ainda pretende quintuplicar a produção de ferro nas minas de Itatiaiuçu e ampliar a capacidade de usinas de laminação e galvanização. Mas desde o início da crise econômica global, em setembro, o projeto mineiro ganhou elasticidade em todos os seus prazos de investimento. Em 2009, segundo Castello Branco, a empresa deverá investir R$ 2,9 bilhões. Mas neste total está incluído apenas a terraplenagem da futura usina de Santana do Paraíso, e não a compra de equipamentos, como estava previsto anteriormente.
A Usiminas conseguiu os novos benefícios do governo mineiro sem se comprometer com nenhuma meta de preservação de empregos. Desde o início da crise, a empresa demitiu 908 funcionários. Mas ela está impedida, por liminar judicial do Tribunal Regional do Trabalho, de realizar novos desligamentos desde 31 de março. A siderúrgica já informou que deve recorrer.
"O nosso processo de readequação ao mercado não parou, está suspenso por causa da liminar, da qual iremos recorrer. Infelizmente não se aquece a demanda de aço no mundo por decisão judicial ou por decreto", disse Castello Branco. O executivo afirmou que a empresa prossegue com três altos-fornos parados, sendo dois em Minas Gerais e um em São Paulo.
"A manutenção ou não dos empregos é uma área da empresa deles, o Estado não deve intervir", afirmou secretário Barroso, para quem o investimento da Usiminas tem escala inédita. "Em valor a ser aplicado, é com certeza o maior do Brasil e da América Latina", disse.