Título: Rigotto descarta aliança entre PMDB e PT no RS em 2010
Autor: Bueno , Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 01/04/2009, Política, p. A5
As articulações do PT para formar palanques únicos com o PMDB nos Estados para a campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República devem ir por água abaixo no Rio Grande do Sul diante da determinação dos pemedebistas gaúchos de bancar a candidatura própria ao governo estadual. Segundo o ex-governador Germano Rigotto, que junto com o prefeito reeleito de Porto Alegre, José Fogaça, é um dos mais cotados para a disputa, o PMDB gaúcho não vai cometer o mesmo "erro" do partido em nível nacional, de ficar "a reboque" do PT ou do PSDB em nome dos interesses de uma "cúpula totalmente distanciada da base e que se preocupa muito mais em obter favores e espaços" no governo federal.
Incansável defensor da candidatura própria do PMDB à Presidência, Rigotto não exclui terminantemente a possibilidade de ser o candidato ao governo, mas prefere concorrer a senador em uma chapa com Fogaça para governador e ainda com o PTB e o PDT, que indicariam os candidatos a vice e à segunda vaga ao Senado - "E isso não significa que não devemos buscar outros partidos, como o PP, o PPS e o DEM". Dos três senadores gaúchos, dois (Paulo Paim, do PT, e Sérgio Zambiasi, do PTB) encerram seus mandatos em 2010, enquanto Pedro Simon (PMDB) terá mais quatro anos pela frente.
Rigotto reconhece que Fogaça age certo em não assumir agora a candidatura ao governo, para não se expor poucos meses após a reeleição à prefeitura. Mas, além de facilitar a coligação com o PTB, que participa do governo municipal, e do PDT, que tem a vice-prefeitura e assumiria a administração em caso de vitória da chapa, o prefeito está presente na memória dos eleitores por conta da eleição passada e tem níveis de popularidade melhores do que no primeiro mandato. Segundo pesquisa do instituto Datafolha divulgada dia 22 de março, Fogaça estaria em segundo lugar na disputa pelo governo estadual, com 27% das intenções de voto, apenas três pontos atrás do provável candidato do PT, o ministro da Justiça, Tarso Genro.
"É uma candidatura para ganhar", afirma Rigotto, que na mesma pesquisa do Datafolha aparece com 18% contra 32% de Tarso. Ao mesmo tempo, uma eventual eleição para o Senado daria ao ex-governador mais visibilidade e condições de influenciar as decisões da cúpula nacional do partido e se apresentar, aí sim, como alternativa em 2014 para o Planalto. "Se eu tivesse vencido a eleição no Rio Grande do Sul ninguém me tiraria a candidatura à Presidência hoje", diz o ex-governador. Em 2006, ele também chegou a disputar prévia contra o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, mas depois o PMDB optou por não sair com candidato próprio.
Agora, diz, urge recuperar-se da derrota de 2006 com a candidatura ao Senado - "Em Brasília posso influir na agenda nacional, nas reformas estruturais e nas mudanças pelas quais o PMDB precisa passar". Um eventual retorno ao governo, diz, retardaria esse processo.
Se os planos de Rigotto para a composição da chapa à eleição estadual forem bem sucedidos, o Rio Grande do Sul seria um laboratório para o papel de "terceira via" entre o PT e o PSDB que ele defende para o PMDB. Segundo ele, o partido deve deixar os cargos que ocupa na administração da governadora tucana Yeda Crusius até setembro. Na pesquisa do Datafolha, Yeda aparece apenas em terceiro lugar, com 8% ou 9% das intenções de voto, dependendo do cenário apresentado.
O ex-governador sabe que a tese da candidatura própria do PMDB para a Presidência em 2010 não vai prosperar e que os líderes do partido, inclusive no Rio Grande do Sul, vão se dividir entre Dilma e o candidato do PSDB, possivelmente o governador de São Paulo, José Serra. Mesmo assim, e ainda que não passasse do primeiro turno, ele acredita que um eventual candidato pemedebista movimentaria o partido e o ajudaria a se descolar do rótulo fisiologista adquirido ao longo dos anos.
Rigotto cita como bons nomes para a disputa à Presidência o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os governadores Sérgio Cabral (RJ), Paulo Hartung (ES), Luiz Henrique da Silveira (SC), Roberto Requião (PR) e Eduardo Braga (AM). Todos têm visibilidade e condições de crescer no processo eleitoral, mas o problema é que ninguém se apresenta porque sabe que não terá a sustentação efetiva da cúpula partidária, admite o ex-governador gaúcho.
-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 01/04/2009 12:45