Título: Tesouro amplia parcela de prefixados com baixa do juro
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 01/04/2009, Finanças, p. C1

O Tesouro vai aproveitar o momento para tentar aumentar as parcelas de títulos prefixados e dos papéis ligados a índice de preços no estoque da dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi). Ontem, ao apresentar o resultado fiscal do governo central em fevereiro, o secretário Arno Augustin admitiu que sente a possibilidade de avanço com a redução dos juros futuros, o que pode significar oferta maior de prefixados. Da mesma forma, com a expressiva queda da taxa básica de juros Selic, atualmente em 11,25% ao ano, ele também admitiu que esse movimento permite que seja reduzida a parcela das LFT na dívida interna. Hoje, será divulgado o cronograma de emissões para abril.

Augustin ponderou que o Tesouro tem um compromisso com o mercado por meio do Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida pública para 2009, mas, apesar desses limites, reconheceu que sente a possibilidade de avanço e trabalha para um melhor gerenciamento da dívida sem movimentos bruscos. "Sempre que possível, aumentando as parcelas de prefixados e títulos ligados a índice de preços", comentou.

Na avaliação do secretário, o ideal para a gestão da dívida é reduzir a participação das LFT, papéis ligados à Selic, mas essa evolução já vem ocorrendo há alguns anos. No PAF 2009, os intervalos tolerados para a participação de LFT na Dívida Pública Federal (DPF) é de 32% a 38%. Em fevereiro, as LFT ocupavam 38,66% do estoque da dívida interna, a maior fatia.

O peso da Selic na dívida mobiliária já foi pesadelo muito maior para o Tesouro. Em 1998, representou 69,1% do estoque. Esse percentual caiu nos dois anos seguintes, para 61,1% (1999) e 52,7% (2000). Em 2001, voltou a elevar-se para 54,4% e foi a 55,2% em 2002, com o estresse do mercado financeiro com a iminente vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. No primeiro ano de mandato, o governo Lula conviveu com uma dívida interna marcada por 57% do estoque vinculado à Selic, mas nos três anos seguintes o movimento foi de queda dessa participação para 54% (2004), 50,6% (2005) e 42,6% (2006). Em 2007 e 2008, as parcelas das LFT foram de 33,4% e 32,4%, respectivamente. No PAF, o intervalo previsto para os prefixados é de 24% a 31%. Em fevereiro, esse tipo de título tinha 28,4% do total. Nos papéis ligados a índice de preços, o PAF prevê intervalo entre 26% e 30%.