Título: No centro da crise, Petrobras silencia
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 08/03/2005, Especial, p. A12

Maior empresa da Bolívia, a Petrobras prefere não se pronunciar sobre o impacto para seus negócios naquele país do pedido de renúncia do presidente Carlos Mesa, que ontem entregou uma carta ao Congresso. A Petrobras Bolívia (PEB) produz gás natural nos campos de San Alberto e San Antonio (no departamento de Tarija), em sociedade com a espanhola Repsol e a francesa Total. Também controla as duas principais refinarias da Bolívia, Gualberto Villaroel (em Cochabamba) e Guilhermo Elder Bell (em Santa Cruz), além de distribuir combustíveis no país. A estatal brasileira já investiu cerca de US$ 1 bilhão no país, sendo o último investimento um gasoduto, feito com sócios, para transportar gás dos campos de San Alberto e San Antonio até Rio Grande, onde começa gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Ontem, fontes ouvidas pelo Valor lembraram que em nenhum momento o presidente Mesa disse que seu pedido era irrevogável. Esse fato também era destacado pelo noticiário local. Uma experiente fonte apostava ainda que provavelmente a intenção de Mesa era obter melhores suas condições de governabilidade. "Ele pode estar apostando que o Congresso vá rejeitar sua renúncia. Mas não é possível prever o resultado de um movimento como esse", disse a fonte. Desde janeiro de 2004, a Bolívia discute mudanças na Lei de Hidrocarbonetos, onde se pretende aumentar os impostos cobrados das companhias de petróleo. As pressões dos bolivianos sobre o gás têm produzido, no Brasil, um aumento da cobrança sobre a Petrobras para que ela acelere os planos de exploração das reservas de gás encontradas na bacia de Santos.