Título: Quebra no Japão ajuda a Embraer
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Fonte: Correio Braziliense, 20/01/2010, Economia, p. 12

Concordata da Japan Airlines abre mercado para os jatos brasileiros

A brasileira Embraer e a japonesa Mitsubishi Heavy podem se beneficiar com a concordata da Japan Airlines (JAL) depois que a companhia aérea japonesa reformular sua frota com aviões menores e de consumo mais eficiente de combustível. A JAL, que abriu ontem processo de proteção contra credores como parte de reorganização apoiada pelo Estado, planeja aposentar todos os seus 37 Boeings 747-400 e todos os seus MD-90 para trocá-los por aviões menores. A empresa pediu proteção judicial contra falência por dívidas de mais de US$ 25 bilhões, anunciou cortes de 15.700 empregos e de rotas deficitárias enquanto tenta sobreviver a voláteis custos de combustíveis e demanda instável.

Para analistas, a redução do tamanho da maior companhia aérea do Japão em receita pode gerar mais encomendas à Embraer e possivelmente ajudar o projeto de jato regional da Mitsubishi a sair do chão. ¿Isso vai colocar a Embraer e o jato da Mitsubishi em destaque¿, afirmou Kotaro Toriumi, especialista do setor aéreo. ¿Aviões menores e regionais serão bem-vindos pelas grandes companhias. A Embraer já tem crescido sua participação, mas isso pode ajudar a Mitsubishi a ter mais encomendas.¿

O fundo estatal que está apoiando a reestruturação da JAL, o Enterprise Turnaround Initiative Corp of Japan (Etic), afirmou em comunicado que a companhia aérea vai introduzir 50 aviões regionais de pequeno e médio portes como parte do plano de reformulação. ¿A JAL tem uma série de aviões grandes e pouco eficientes no consumo, e isso tem custado muito¿, disse Akitoshi Nakamura, diretor executivo da Etic , depois que JAL anunciou o pedido de concordata.

Possibilidade

Apesar de o Etic não ter revelado qual empresa vai receber encomendas da JAL, um documento do fundo citou especificamente os aviões regionais ERJ da Embraer como possíveis aeronaves para a nova frota da companhia aérea japonesa. A Embraer é a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo depois da Airbus e da Boeing e produz jatos com capacidade para até 120 passageiros, bem como aeronaves executivas e para área de defesa. A JAL já tem dois ERJ e a operadora regional japonesa Fuji Dream Airlines deve receber o terceiro avião da Embraer na próxima semana.

Enquanto isso, a Mitsubishi Heavy recebeu 125 encomendas para o modelo MRJ, o primeiro jato de passageiros desenvolvido no Japão. Desse total, 25 pedidos são da All Nippon Airways, concorrente da JAL. ¿O MRJ é o avião `made in Japan¿ e o governo também tem se envolvido em seu desenvolvimento. Considerando isso, faz sentido que a JAL escolha fazer pedidos de MRJ depois do apoio recebido do Estado para a sua recuperação¿, afirmou Reiko Sonoyama, consultora da indústria de aviação.

Sonoyama também afirmou que a JAL pode decidir por aposentar seus 18 aviões A300, da Airbus, e usar Boeings 767 no lugar. Maior companhia aérea da Ásia em faturamento e símbolo do Japão ao redor do mundo, a JAL continuará voando graças a um pacote de ajuda estatal de quase 1 trilhão de ienes (US$ 11 bilhões) e um processo de reestruturação que será comandado por uma nova direção da companhia.