Título: TAM e Varig crescem e não seguem Gol em corte de preço
Autor: Vanessa Adachi
Fonte: Valor Econômico, 08/03/2005, Empresas &, p. B2

Os números do mercado de aviação de fevereiro, divulgados ontem, parecem ser coerentes com as decisões recentes das companhias aéreas em relação a suas políticas de preços. A Gol, que anunciou ontem uma redução geral de suas tarifas, cresceu 5,8% em relação ao mesmo mês do ano passado, abaixo da média do mercado, que foi de 7,4% no mês, segundo o Departamento de Aviação Civil. O mesmo já havia acontecido em janeiro. Com isso, a participação de mercado da empresa, que era de 24,56% em fevereiro de 2004, passou a 24,21%. A empresa fez questão de destacar que sua revisão tarifária, que contém cortes de até 56%, não é uma promoção. A TAM registrou um crescimento de 43,6% no número de passageiros transportados na comparação de fevereiro deste ano e de 2004, muito acima da média do setor. Sua participação de mercado saltou de 31,25% para 41,79%. Nos próximos dias, a companhia deverá anunciar uma promoção de preços para a Páscoa. Mas não passará de uma redução temporária. Quem também só baixará seus preços durante a Semana Santa é a Varig. Os descontos chegam a 70%. Em grave crise financeira, a empresa avisou ontem, por meio de um porta-voz, que "não entrará em guerra tarifária", referindo-se à decisão da Gol. Mesmo com problemas, a Varig cresceu o dobro da média do mercado em fevereiro. O número de passageiros transportados avançou 14,6% e seu "market share" variou de 31,23% para 31,92%. Os números mostram que quem mais ganhou passageiros com a quebra da Vasp foi a TAM. De acordo com Tarcísio Gargioni, vice-presidente de marketing da Gol, a decisão de rever sua estrutura de preços não tem relação com os números de participação de mercado. "Já tínhamos esse estudo pronto, mas não faria sentido implementá-lo na alta estação", explicou o executivo. Segundo ele, a intenção é "consolidar o conceito de baixo custo". "Crescemos menos que o mercado porque tínhamos menos aviões disponíveis", disse Gargioni. Ele argumentou que a Gol tem uma taxa de ocupação de seus aviões acima da média do mercado, o que faz com que a redução de preços tenha pouco efeito no sentido de ganhar mercado. A taxa de ocupação da Gol, no entanto, foi melhor em fevereiro de 2004 (77%) do que agora (71%), o que poderia sugerir que a empresa tem, sim, espaço para carregar mais passageiros. Segundo o executivo, a razão por trás dessa queda na ocupação é a data do Carnaval, que neste ano caiu em fevereiro e no ano passado foi em março. "Diferentemente de outras empresas, não nos beneficiamos tanto do Carnaval, porque temos poucos vôos para o Nordeste." A reação dos investidores aos números da Gol foi negativa. As ações caíram 1,6%. A taxa de ocupação dos aviões da TAM e da Varig cresceram sensivelmente. Na TAM foi de 59% para 66%, enquanto na Varig variou de 62% para 69%. Nas rotas internacionais, o número de passageiros transportados cresceu 12,3%. A Gol, que iniciou os vôos para Buenos Aires em dezembro, ficou com 2,04% do mercado. A Varig ficou com 82,09% e a TAM, com 15,85%.