Título: Brasil é líder em ameaças na América Latina
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 14/04/2009, Empresas, p. B1

A inclusão social e digital da população é cada vez mais buscada pelos países emergentes, mas também representa um risco para a segurança nessas regiões. Essa é uma das conclusões do relatório de ameaças na internet feito pela empresa de segurança Symantec. "O aumento das ameaças é o preço a se pagar pelo aprendizado da população que não estava acostumada a usar algumas tecnologias", diz Paulo Vendramini, gerente de engenharia de sistemas da companhia. Sem conhecer as ameaças a que estão expostos, os usuários não atualizam seus sistemas ou instalam ferramentas de segurança, deixando os sistemas expostos.

O Brasil pulou do 8º para o 5º lugar no ranking de atividades ilegais em todo o mundo, com um aumento de 3% para 4% em sua participação mundial. O número se torna ainda mais relevante quando se compara o peso do país no faturamento global das empresas de tecnologia, que varia de 1% a 2%, em média. Países como Turquia e Polônia apareceram pela primeira vez no ranking.

Um dos destaques mais negativos para o Brasil é sua participação no envio de mensagens indesejadas ou spam. Em 2007, o volume emitido a partir do país representava 2% do total mundial, o que colocava o país na 12ª posição do ranking. No ano passado, o spam brasileiro subiu para 4% do total, assumindo a 5º posição na lista. "A melhoria da segurança e o esclarecimento da população pode ter feito o número de e-mails enviados aumentar para atingir os mesmos resultados que os criminosos tinham antes em suas ações", avalia Vendramini. O volume de spam identificado pela Symantec em 2008 foi de 349,6 bilhões de mensagens, um crescimento de 192% em 12 meses.

Na América Latina, o Brasil é lider em ameaças à segurança na internet, com 34% do total. Na comparação com 2007, o crescimento de participação foi de 3 pontos percentuais. Atrás do Brasil vem México (17% das ameaças) e Argentina (15%). Somados, os três países respondem por praticamente 80% das conexões em banda larga da América Latina.

Na origem dos ataques direcionados à região estão principalmente os Estados Unidos e a China, o que mostra a globalização dos crimes digitais. "Um ataque pode vir dos Estados Unidos e não ser controlado por um americano", diz Vendramini. Em terceiro lugar aparece o Chile, o que é atribuído por Vendramini à disseminação do código Conficker, que expõe o computador ao roubo de senhas etc. O Conficker também colocou na lista dos dez mais a Holanda e a Colômbia. (GB)