Título: Juros caem no longo prazo, diz Meirelles
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Fonte: Valor Econômico, 08/03/2005, Finanças, p. C2
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, reafirmou ontem sua confiança de que a continuidade da atual política econômica levará a uma queda dos juros no longo prazo. No entanto, Meirelles se recusou a fazer projeções ou comentários sobre o comportamento da inflação e a trajetória dos juros futuros, em meio a expectativas no mercado sobre a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem. "Com longo prazo, não queremos dizer nem um semestre, nem um ano, nem cinco anos", observou. "O BC não faz previsão sobre evolução de taxas de juros. Eu estou indicando um caminho de que que o leva à queda de juros num país é equilíbrio fiscal, banco central comprometido com o regime de metas de inflação, credibilidade da política monetária e fiscal, as microrreformas." Meirelles evitou fazer interpretação sobre o teor da ultima ata do Copom, que sinalizou que o ciclo de aperto monetário pode estar chegando ao fim. Também refutou analises de setores do mercado, para quem a ata de fevereiro teria registrado uma mudança radical de tom em relação a janeiro, passando de pessimismo para suposto otimismo. ´´As atas do Copom refletem a analise da situação econômica do país em dado momento sem emoção e com realismo, sem pessimismo ou otimismo´´, respondeu. Meirelles participou no Banco de Compensações Internacionais (BIS), o banco dos bancos centrais, de três reuniões com outras autoridades monetárias: sobre a economia global, falsificação de moedas e política monetária. Na reunião abordando a economia global, o presidente do BC argentino, Martin Redrado, explicou o plano de reestruturação da divida argentina, sem que houvesse comentários dos participantes. Ao mesmo tempo, o influente jornal britânico "Financial Times" publicou um contundente editorial recomendando que o FMI seja duro com a Argentina, e prevendo uma alta nos spreads para os títulos da divida das economias emergentes. Indagado sobre o impacto que o plano argentino pode ter sobre o Brasil, Meirelles disse que o país está "bastante tranqüilo". E completou: "Os mercados têm sabido discernir muito bem a situação de diversos países. Não vimos ainda nenhum sinal de qualquer mudança no patamar de preços para o Brasil". (AM)