Título: Passar um cheque está cada vez mais caro
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 08/03/2005, Finanças, p. C12

Pagar uma conta com cheque pode custar caro. Os bancos estão cobrando as mais variadas tarifas para compensar cheques. As taxas atingem tanto os pagamentos de pequenos valor (normalmente abaixo de R$ 35) quanto para valores altos (acima de R$ 5 mil). Em alguns bancos ainda, há a cobrança de uma taxa de compensação independente do valor do cheque. Os valores variam de R$ 0,01 a R$ 10, segundo dados enviados pelos bancos ao Banco Central. Para cheques acima de R$ 5 mil, alguns bancos cobram até R$ 30 por folha compensada, mais um percentual (que oscila em torno de 0,10%) sobre o valor do cheque. Dois motivos, segundo os bancos, justificam a cobrança das tarifas. Para os valores acima de R$ 5 mil, elas são cobradas para estimular o uso da Transferência Eletrônica Disponível (TED). Para os valores menores, a justificativa é estimular o uso dos cartões de débito, evitando a emissão de cheques miúdos. O próprio Banco Central quer desestimular o uso de cheques para valores altos. Em novembro de 2002, o BC criou um depósito prévio, que é cobrado dos bancos para participar da Câmara de Compensação de Cheques (Compe), do Banco do Brasil. Assim, o banco tem de depositar no BC, sem remuneração, os valores dos cheques acima de R$ 5 mil. Para chegar a quanto cada banco precisa depositar, o BC faz um cálculo pela média histórica dos cheques acima de R$ 5 mil de cada banco entre fevereiro de 2001 e janeiro de 2002. O que passar acima de 20% desta média tem de ser depositado no BC. Os bancos então repassam esses custos para os clientes. Segundo o chefe do departamento de Operações Bancárias do Banco Central, José Antônio Marciano, o BC não determina a cobrança de nenhuma taxa sobre os cheques acima de R$ 5 mil. "Cada banco define a sua política", diz. Pelos dados do BC, em média os bancos cobram R$ 8,54 mais um percentual sobre o valor do cheque. Alguns bancos cobram só o percentual. No caso do Bradesco, por exemplo, é cobrado 0,11% do valor do cheque acima de R$ 5 mil, mesmo percentual cobrado pelo Unibanco; no Banco do Brasil, é de 0,09%. Marciano ressalta que os bancos oferecem cesta de serviços e esses valores podem ser menores do que os apurados pelo BC. Para os valores pequenos, o Bradesco cobra R$ 0,45 por cheque abaixo de R$ 35; no Unibanco, é de R$ 0,50; mesmo valor do Itaú e do Banco Real. Para o diretor do BC, como a compensação envolve o transporte físico dos cheques, ela custa caro para os bancos. "Hoje, há formas muito mais eficientes para fazer transferências de recursos do que os cheques", diz. A TED permite transferências em tempo real, mas também tem custos para os clientes. Em média, os bancos cobram R$ 11,35 por cada TED, para as pessoas físicas. Mas há instituições que cobram até R$ 50, segundo o BC.