Título: Brasil e EUA debatem energia e comércio
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2009, Internacional, p. A7

Eclipsadas pelas discussões políticas na Cúpula das Américas, duas questões econômicas de interesse do governo brasileiro foram discutidas com autoridades dos EUA e devem levar a uma série de reuniões, a partir de julho. Os americanos querem aprofundar programas de cooperação com o Brasil em matéria de energia e garantem estar decididos a retomar as negociações para derrubada de barreiras comerciais na Organização Mundial de Comércio (OMC). Segundo num alto assessor da Casa Branca, Obama deve anunciar, nos próximos dias, um importante fundo para apoiar investimentos em energia nas Américas.

Os EUA querem financiar programas de energia renovável, como biocombustíveis, conservação de energia e combate às mudanças climáticas, e está interessado em parcerias com o Brasil em terceiros países, segundo disse o secretário de Energia dos EUA, Steven Chu, em reunião com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. Chu mostrou interesse na proposta brasileira de projetos conjuntos na África e aceitou o convite para visitar o Brasil em breve.

Amorim disse aos americanos que a discussão de projetos caso a caso é a melhor maneira de avançar com uma proposta defendida por Obama durante a Cúpula das Américas, a Parceria em Energia para as Américas, pela qual o governo americano quer promover ações de economia de energia e incentivo a fontes renováveis. Obama, ao falar em um dos painéis da cúpula dedicado ao assunto, lembrou que só o aumento de eficiência no consumo doméstico de geladeiras permitiu uma economia equivalente a toda a geração de energia eólica do país.

O tema é motivo de desentendimento, porém, entre o Brasil e parceiros na América do Sul. No Paraguai, a discussão é prejudicada pela reivindicação paraguaia de preços maiores e maior liberdade para venda da energia de Itaipu. A Bolívia tem feito campanha contra os biocombustíveis, alegando que ameaçam a "segurança alimentar" ao prejudicar a produção de alimentos. Os argumentos do governo brasileiro em defesa da produção sustentável de etanol não comovem os bolivianos, que fizeram questão de deixar registrada sua discordância em relação aos biocombustíveis, no documento de encerramento da cúpula, assinado apenas pelo anfitrião, o primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Patrick Manning, devido à recusa de vários países em firmar um documento final do encontro.

Praticamente ausente das discussões entre os presidentes, as negociações de liberalização de comércio foram objeto de discussões à margem da cúpula. O recém-nomeado Representante Comercial da Casa Branca, Ron Kirk, pediu um encontro com Amorim para informar que o governo Obama está comprometido em retomar ainda neste ano as negociações na OMC da chamada Rodada Doha, de redução de barreiras comerciais. Até maio, deve ir a Washington o secretário-geral da OMC, Pascal Lamy, para discutir o tema.

Obama ainda quer sondar no próprio governo as resistências à retomada de negociação, porém, e Amorim queixou-se de que a receptividade de Kirk ao convite de visitar ao Brasil não foi acompanhada pelos assessores que o acompanhavam, alguns vindos do governo George