Título: Temor generalizado em Santa Catarina
Autor: Jurgenfeld , Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2009, Internacional, p. A12
A enxurrada de informações sobre o novo mal que eclodiu no México pegou de surpresa e passou a provocar calafrios em toda a cadeia produtiva de carne suína de Santa Catarina, principal polo produtor e exportador brasileiro.
O presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, afirmou que a situação no campo é de muita "ansiedade" por esclarecimentos. Por enquanto, disse, não há bases concretas sobre a origem do vírus. "Estamos com o coração na mão como muita gente está pela repercussão que isso tem sobre a população, com as mortes, e pela repercussão sobre a atividade econômica da suinocultura". Conforme Lanznaster, está todo mundo "embasbacado". "O pessoal de Brasília liga para a gente para ter informações e nós ligamos para eles".
O presidente da Aurora disse temer pelo risco de o Brasil também vir a ser embargado por grandes importadores, caso as pessoas com suspeitas internadas no país após viagens internacionais de fato estejam com a gripe suína. Além de Belo Horizonte, há casos suspeitos sendo investigados em São Paulo.
Lanznaster descartou que o problema imponha como necessidade a revisão na forma de produção atual, em que os suínos são confinados em granjas. Disse que se o modelo deve ser revisto também seria necessário rever a concentração populacional nas cidades, que favorece a disseminação.
Segundo Enori Barbieri, vice-presidente da Federação da Agricultura de Santa Catarina (Faesc), o controle sanitário é alto nas granjas, onde em média são colocados dois animais por metro quadrado, quando em terminação (100 quilos de peso). "As granjas suínas são tecnificadas e um dos modelos mais higiênicos de produção. O modelo antigo [sem confinamento] é que denegriu a imagem do setor", disse.
Para Barbieri, não haverá oportunidades no curto prazo com o embargo de grandes países exportadores que competem com o Brasil, como EUA e Canadá. Barbieri diz acreditar em queda generalizada de consumo de carnes suínas no mundo pelo efeito psicológico associado à doença. Conforme ele, a gripe suína chega em um momento mais difícil do que quando ocorreu a gripe aviária por causa da crise econômica mundial, que já retraiu a demanda e afetou o crédito para importadores.
Edilson Spironello, suinocultor de São José do Cedro, no oeste catarinense, espera pelo surgimento de oportunidades para o Brasil . O caso, diz, pode acelerar negociações em curso para venda de carnes suínas brasileiras para Japão, China e alguns países da União Europeia.