Título: Medo derruba bolsas em todo o mundo
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 21/01/2010, Economia, p. 15

Balanços frustrantes de bancos americanos e medidas para conter crédito na China contaminam mercados. Bovespa recua 2,44%

Uma conjunção de notícias negativas provenientes dos Estados Unidos e da China empurrou os investidores para a ponta vendedora de ações nas mais importantes bolsas do globo (veja quadro abaixo), fazendo os pregões encerrarem a quarta-feira no negativo (veja quadro). No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em baixa de 2,44%, retrocedendo aos 68.200. Com esse resultado, a Bovespa passa a acumular variação negativa pela primeira vez em 2010. O movimento foi lastreado por um giro financeiro de R$ 7,51 bilhões, o maior em quase sete semanas para sessões regulares.

O prejuízo de US$ 5,2 bilhões do Bank of America (o maior banco dos Estados Unidos), acima do previsto, e o lucro menor que o esperado do Morgan Stanley (US$ 0,14 por ação ante o projetado de US$ 0,44), ambos no quarto trimestre, ditaram o tom no meio corporativo nos Estados Unidos, o que derrubou os principais índices de Wall Street e contaminou os demais mercados. Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 1,14%.

No plano macroeconômico, a frustração nos EUA também foi dupla. Além da queda inesperada no início de construção de moradias, os investidores também receberam de forma pouco amistosa dados sobre os preços no atacado em dezembro.

Essa bateria de más notícias engrossou o predomínio da ponta vendedora de ações das bolsas internacionais, depois do anúncio de novas medidas da China para conter a expansão desenfreada de crédito no país.

Na Europa, a quarta-feira foi um dia negativo para o mercado. Em Londres, o índice Financial Times fechou em baixa de 1,67%. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 2,09%. Em Paris, CAC-40 perdeu 2,01%. Na América Latina, a Bolsa de Buenos Aires acompanhou o movimento global e encerrou o pregão da quarta em queda de 1,67%. Na Ásia, a Bolsa de Xangai desabou 2,92% e a de Tóquio, 0,25%. ¿O dia foi cheio de notícias ruins sobre a recuperação da economia e jogou água na fervura do mercado¿, disse o economista-chefe da SulAmerica Investimentos, Newton Rosa.

Ações brasileiras Na Bovespa, ações de companhias ligadas ao mercado doméstico, como varejistas e construtoras, destaques de ganhos no ano passado, foram os alvos preferenciais de realização de lucros. A pressão dos mercados globais contaminou os negócios com commodities, jogando pressão sobre as ações de maior valor no mercado doméstico. O papel preferencial da Petrobras encolheu 2,6% e o preferencial da Vale teve declínio de 1,8%.