Título: AmBev recuperou fatia de mercado em 2004
Autor: André Vieira e Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2005, Empresas &, p. B3

Ao longo de 2004, a AmBev descortinou, gradualmente, a palavra "comemorar" em um letreiro exposto em seu QG, em São Paulo. Era o mote pela reconquista da participação de mercado perdida nos últimos quatro meses de 2003. Cada sílaba significava pontos percentuais ganhos no mercado de cerveja. Em dezembro daquele ano, a AmBev viu sua participação cair para 62,6%, o nível mais baixo registrado pela companhia, atacada por uma agressiva campanha de marketing promovida pela Schincariol com o reposicionamento da Nova Schin. Em novembro de 2004, segundo a AC Nielsen, a AmBev tinha uma fatia de 67,9%, e todas as suas principais marcas - Skol, Brahma e Antarctica - ocupavam os três primeiros lugares em vendas. A meta, traçada numa entrevista dada ao Valor em dezembro de 2003, foi cumprida. "Foi um ano muito importante para colocarmos a prova sempre o que acreditamos. Testamos nossos pilares", disse Carlos Brito, ex-diretor-geral da AmBev, cargo pelo qual respondeu por um ano, e que, a partir de hoje, assume a diretoria para a América do Norte, baseado em Toronto . Seu substituto, ex-trainee da companhia, é Luiz Fernando Edmond. Em meio ao acordo com os belgas da Interbrew para a constituição da InBev, a tarefa de Brito no front interno foi deixar a companhia numa condição melhor do que a que assumiu. Para chegar à meta, a empresa aumentou seus investimentos, melhorou sua publicidade, reposicionou suas marcas e até reduziu preços. Os investimentos em vendas e marketing cresceram R$ 370 milhões, 72% nos nove primeiros meses do ano, totalizando R$ 884 milhões. "Investimos mais porque o ambiente econômico mudou e os concorrentes anunciaram mais." Admitindo que reduziu o preço de cerveja para recuperar terreno, Brito explicou que a tática foi administrar melhor o portfólio de marcas ao contrário do que a cervejaria vinha fazendo nos últimos anos. Mas ele fez questão de enfatizar que a Antarctica - marca usada nesta estratégia - tem um preço 10% maior do que a rival Nova Schin. "O foco é a recuperação de mercado de forma sustentada e lucrativa." Brito rebateu as críticas de que a AmBev vem sendo beneficiada pelo regime fiscal do IPI. "Quando faltam 20 dias para implementar os medidores de vazão (sistema para controlar o recolhimento de imposto sobre a produção de cerveja), eles reclamam do regime que está em vigor há 16 anos", afirmou. "Na verdade, significa muito mais do que isso: coloca em xeque o medidor de vazão." O executivo acredita que o sistema de controle aumentará a formalidade do mercado, mas não quantificou o impacto sobre um eventual aumento de participação de mercado para a AmBev. "O Brasil encerrou o ano de 2004 com boas notícias na área macroeconômica." Otimista com 2005, ele prevê que a economia brasileira deverá seguir uma tendência de crescimento mais semelhante à do segundo semestre de 2004 do que com à o primeiro.