Título: Usiminas vai adiar construção de nova usina
Autor: Santos , Chico
Fonte: Valor Econômico, 09/03/2009, Empresas, p. B1

A Usiminas, que na semana passada anunciou a paralisação de mais um, o terceiro, dos seus cinco altos-fornos, vai atrasar também a execução do seu mais importante projeto, a construção de uma nova usina, com capacidade inicial para 2,5 milhões de toneladas de aço bruto (primeira fase). Embora a empresa ainda não tenha assumido publicamente, a entrada em operação da unidade, que será construída em Santana do Paraíso (MG), nas proximidades da usina de Ipatinga, só deve entrar em operação em 2012 e não mais em 2011, como estava previsto anteriormente.

Em resposta a um pedido de informação do Valor, a empresa disse que "está analisando alterações na especificação dos equipamentos e no cronograma de implantação, além da simplificação do "layout" da nova planta". A empresa informou ainda que a execução do projeto está mantida, mas que, "devido à retração da demanda no consumo de aço verificada a partir do último trimestre de 2008, aos atuais movimentos do mercado e à nova realidade internacional" ela informou aos seus fornecedores que "está reavaliando os prazos de negociações comerciais" para a construção da usina. A empresa não quis revelar detalhes de prazos.

Para as empresas de tecnologia em equipamentos siderúrgicos sediadas no Brasil, a mudança significa que não haverá encomendas dos componentes da usina ainda este ano, conforme lhes vem sinalizando a siderúrgica. Este mercado, formado em grande parte por empresas com matrizes na Europa, recebeu a informação com um misto de pesar e alívio.

Pesar porque era uma das poucas perspectivas de encomendas que o setor tinha para este ano, em termos de obra de grande porte. E alívio porque a marcha das negociações estava indicando que a Usiminas iria adquirir todos os equipamentos mais importantes, como alto-forno, coqueria e outros, na China. Com o adiamento das contratações, os fornecedores ganharam tempo e esperam chegar ao final do ano em condições de superar as propostas dos chineses.

No começo de novembro do ano passado, a Usiminas, já preocupada com a queda da demanda mundial por aço, chegou a sondar o mercado interno sobre a possibilidade de assinar contratos, garantindo as encomendas e dando uma folga de seis meses para o início das obras, desde que houvesse vantagens nos preços. Foi a primeira forma que a empresa encontrou para dizer que o orçamento inicial teria que ser revisto.

A usina de Santana do Paraíso foi projetada a um custo de US$ 5,7 bilhões para sua versão acabada, com capacidade de produzir 5 milhões de toneladas de aço por ano. Pelo cronograma inicial, a primeira etapa, de 2,5 milhões de toneladas, entraria em operação em 2011, e a segunda, idêntica, em 2012. No início de janeiro, a empresa informou a Valor que a segunda parte do projeto seria adiada por dois anos, para 2014.

Em entrevista ao jornal na semana passada sobre a paralisação do alto-forno nº 1 da usina de Cubatão (SP), o presidente da Usiminas, Marco Antonio Castello Branco, justificou a medida dizendo que não via entrada de pedidos de consumidores em quantidade suficiente para manter a operação e também que não via "sinais consistentes" de aumento da demanda no segundo trimestre deste ano.

Com a paralisação do alto-forno, prevista para hoje, a Usiminas reduz em 50% sua capacidade instalada de produção de aço bruto, de 9,5 milhões de toneladas por ano, operando com cerca de 4 milhões de toneladas de produtos finais. Com a parada das duas unidades de Ipatinga, já vinha operando no ritmo de 60% a 70%.